Em cinco anos, transporte de cargas por trens diminuiu 43% no Rio Grande do Sul

Publicado em
07 de Julho de 2017
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O transporte de cargas por trens diminuiu 43% no Rio Grande do Sul nos últimos cinco anos. Em 2011 foram transportadas pelas ferrovias gaúchas 13,8 milhões de toneladas. Já no ano passado foram 7,92 milhões de toneladas. A situação é registrada desde a privatização da malha ferroviária, há 20 anos.
 
Nos últimos cinco anos, a extensão da malha ferroviária também reduziu 41,7%. Agora são 1,36 mil quilômetros a menos. De acordo com o governo do estado, apenas 6% dos produtos gaúchos passam por ferrovias.
Uma das consequências da redução é o aumento de caminhões nas estradas gaúchas, o que influencia no preço dos produtos, já que o transporte rodoviário pode ser de 20% a 40% mais caro.
 
O doutor em mobilidade urbana, Carlos José Antônio Kümmel Félix, reforça que um dos problemas das rodovias é falta de manutenção da pista. "Além disso, tem problemas que é a questão de roubos de cargas e segurança nas estradas. E um fator primordial: a segurança de tráfego. Temos um alto índice de acidentes e mortalidade, inadmissível nessas questões."
 
Prejuízo de R$ 40 bilhões
 
O Ministério Público Federal (MPF) calcula que a situação das ferrovias já tenha gerado um prejuízo de R$ 40 bilhões ao patrimônio público em todo o país. "Temos visto um desinteresse especialmente em relação à malha sul, e dentro desse serviço público que não é mais prestado tem uma série de patrimônio público está sendo jogado no lixo", entende o procurador da República Osmar Veronese.
 
Entre Dilermando de Aguiar e São Pedro do Sul, no Centro do estado, mais de 400 vagões estão praticamente esquecidos há dois anos. "Preocupa porque de noite é bagunça de gente que vem se prostituir e roubo mesmo que trazem para cá e se escondem nesses vagões. É preocupante", observa o agropecuarista Ari Kroth.
 
Os vagões estão em meio a trilhos tomados pela vegetação. No interior das composições há água parada e galões e baldes com graxa. Os trens estão em uma área de preservação permanente.
 
Ponte vira cartão postal
 
Em Cacequi, na Região Central do estado, uma ponte de ferro, considerada a maior da América Latina, tornou-se apenas um cartão postal da cidade que já teve o maior terminal de trens do estado. "A falta de investimento nessa área tem ocasionado problemas, tem aumentado o custo de produção e tem diminuído a geração de emprego e desincentivado a economia de Cacequi", lamenta o secretário de planejamento, Cleo Ricardo Pinto.
 
A população lamenta a situação. "O que antes nos trazia o desenvolvimento, o progresso para a cidade na escoação da produção, que é a base da economia do município a agricultura e pecuária, hoje causa um transtorno devido a essa precariedade que vive a ferrovia no brasil", entende o bacharel em direito Alan Kroth.
 
Contraponto
 
Em nota, a Rumo Malha Sul informou que "o transporte ferroviário depende da demanda de mercado e é imprescindível que haja contratos de longo prazo com os clientes". Segundo a empresa, somente contratos de longo prazo permitem os "elevados investimentos" em infraestrutura e operação. "Caso essas condições não sejam atendidas, não é possível operar os trechos correspondentes."
 
Além disso, a concessionária informou que os vagões encontrados em Dilermando de Aguiar estão em área operacional da ferrovia. "A baixa nos ativos inservíveis e a substituição por outros de melhor capacidade e performance está em discussão de acordo com a nova lei das concessões.''
 
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é responsável pela fiscalização e regulamentação do serviço. Em nota, o órgão informou que quando constatado descumprimentos contratuais a concessionária é notificada e, se for o caso, é instaurado um processo administrativo. O resultado pode ser advertência ou multa.
 
A agência informou que, em conjunto com o MPF, tem atuado para obrigar a concessionária a recuperar essas linhas. Quanto a investimentos na malha ferroviária, o órgão esclareceu que o contrato de concessão firmado na década de 1990 não prevê investimentos obrigatórios por parte da concessionária, mas o cumprimento de metas de produção de transporte e segurança.
 

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