A opção histórica do Brasil pelo modal rodoviário de transporte tem como uma das principais consequências o elevado número de acidentes, com milhares de mortos e feridos e incalculáveis prejuízos econômicos.
São números comparados aos de uma guerra, e a triste ocorrência registrada ontem na BR- 135, perto de Curvelo, Região Central de Minas, com três mortos e nove feridos, engrossou as estatísticas. Destaque-se que, em 2017, só nas estradas federais do país foram registrados 89,3 mil acidentes, com 6.244 mortes e 83.9787 feridos.
Em comparação a 2016, houve redução de 2,7% nos óbitos, 3,5% em relação aos feridos, 13,8% em vítimas graves, e 7,5% no número de acidentes, o que pode ser atribuído, em parte, a ações da PRF, como campanhas de educação no trânsito e operações pontuais em feriados. Mesmo assim, a perda de vidas e de dinheiro continua alarmante.
Também em 2017, Minas Gerais, dono da maior malha rodoviária do país, foi igualmente líder de um trágico ranking nacional. Ao todo, foram registradas nas estradas federais que cortam nosso território mais de 12,7 mil ocorrências, duas mil a mais que no Paraná, segundo colocado na lista nacional de acidentes. Houve 869 mortes e 13,1 mil feridos.
Chama a atenção, no balanço geral, a elevação assustadora no volume de mortes em acidentes envolvendo veículos de carga: na comparação com 2016, o crescimento foi de 30%.
Não faltam explicações para que, mesmo em um cenário de redução no número total de acidentes, caminhões e carretas figurem cada vez mais como protagonistas de ocorrências fatais. Excesso de carga, manutenção deficiente de veículos, motoristas fatigados, imprudência e estradas mal conservadas estão entre as principais razões.
Fato é que passa da hora de os governantes voltarem os olhos com a devida seriedade para o problema. É preciso ampliar campanhas educativas e punitivas, sem dúvida, mas também é fundamental que se invista em estradas mais seguras e, sobretudo, que se repense o modelo de transporte atual.