Efeitos da nova lei da Jornada de Trabalho dos motoristas, por Carley Fernando Welter*

Publicado em
02 de Julho de 2012
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Já temos 11 dias vigorando a lei 12.619/2012, que trata da jornada de trabalho do motoristas. O que podemos sentir na prática, é um momento de transição. Muitos achando que não vai dar em nada, alguns cumprindo rigorosamente a lei e outros alienados, como se nada estivesse acontecendo. Isto verificamos em toda a cadeia, embarcadores, transportadoras, frotistas, operadores de descarga. Este nível variando de entendimento e aceitação desta situação, tem gerado diferentes visões de mercado. O maior exemplo são os preços de frete, quem cumpre a lei, passa cotações baseada na visão de falta de caminhão, quem não acredita mantém os preços nos níveis históricos e isto gera grandes diferenças de preços, em uma mesma situação e com argumentação bastante razoável, tomando cada um seu ponto de vista.

Tirando os achismos de lado, o fato é que a lei está vigorando, a Polícia Rodoviária Federal irá fazer fiscalização orientativa por 90 dias e após este prazo, multará os motoristas que estiverem fora da lei. Esta suspensão de autuação, somente vale para a PRF, o Ministério do Trabalho vai fazer suas fiscalizações e autuações normalmente como manda a lei. Temos noticías de fiscalizações em postos de combustível e pátios de triagem, onde o Ministério do Trabalho já tem feito estas fiscalizações e obrigado os proprietários que ainda não se enquadraram a assinar TAC (Termos de Ajuste de Conduta).

Em algumas regiões do MT, já sentimos a falta de caminhões e conseqüente aumento nos preços de frete, outras regiões como BA, GO e PR ainda não estamos sentindo as mudanças na oferta de caminhões.

Quanto a previsão de reajuste nos preços de frete, temos todo tipo de informação de 15 a 100%, mostrando que será uma conta difícil de ajustar. É um bom momento para separarmos o que é frete de estadias e diárias, para podermos precificar eficiência e ineficiências na troca de nota, nos carregamentos, nos procedimentos de descarga e na estrutura de apoio. Seguem comentários sobre variação dos preços de frete em diferentes regiões:

Região Vale do Araguaia e Xingú

Na região do Vale e Xingú, as movimentações reduziram ainda mais as cadências. Tanto na região do Vale como no Xingú, as movimentações para São Simão e Palmeirantes seguem em ritmo lento com preços de frete estável. Os problemas na Caltins em Colinas, continuam, reduzindo o fluxo de caminhões para o Xingú. Nesta região os efeitos da lei ainda não são notados no momento, muito provável pelo pouco fluxo de embarques.

Região Oeste MT

Na região, aumentou o fluxo de grãos para Alto Araguaia esta semana, os preços de frete começam a ficar pressionados. A oferta de caminhões, não tem atendido a necessidade de cadência dos embarques de grãos. Para Porto Velho, os embarques seguem com cadência e preço de frete estável. Temos uma boa oferta de produto na região, por conta da colheita de safrinha de milho, mas temos pouca expectativa de melhora na oferta de veículos nos próximos dias. As movimentações de pluma, seguem em ritmo estável, os preços de frete já sofrem com a influência dos aumentos de frete dos grãos, deixando estes fretes pressionado. Mesmo assim, por hora, as cadência estão sendo cumpridas.

Região Leste

Os embarques de grãos aumentaram o ritmo esta semana, pressionado os preços de frete. Os fretes que mais sofrem são os de longa distância, onde a oferta de caminhões é ainda menor. Praticamente todas as praças de embarque sofrem com a falta de caminhões neste momento. Os embarques de farelo, tanto para exportação, quanto mercado interno, tem aumentado os preços de frete para cumprimento das cadências. As movimentações de pluma, voltaram com cadência pequena de embarque, os preços de frete seguem pressionados. As movimentações de fertilizantes seguem ganhando volume, os preços de frete estão bem pressionados e muitas praças sofreram grandes reajustes, temos a impressão que está sendo quebrado o mito do “frete retorno”, nesta região.

Região Br 163

A região, como é uma das primeiras a colher a safrinha de milho, temos um bom volume disponível para embarque do produto. Os preços de frete estão subindo e a falta de caminhão já afeta praticamente todas as praças. Temos fretes, que ultrapassaram em 10% os preços históricos e mesmo assim, sem conseguirmos cumprir as cadências exigidas. O mercado de pluma esta lento, com poucos negócios, mesmo assim os preços de frete estão pressionados com o aumentos no mercado de grãos. Os embarques de calcário e fertilizantes estão acelerados, os preços estão pressionados e a cadência sendo cumprida com dificuldades. Temos alguma movimentação de caroço de algodão, ainda em ritmo lento, devido a pouca oferta de produto, que também sente a falta de caminhões e a majoração dos fretes.

Bahia

Na Bahia os preços de frete começam a ser reajustados pela falta de caminhões na região, o principal destino continua sendo o Porto de Salvador. As cadência estão sofrendo com a falta de caminhões. As movimentações de algodão continuam em ritmo lentos, os preços de frete começam a ficar pressionado, por conta dos aumentos nos fretes de grãos e a aproximação da safra atual, que já esta sendo beneficiada. Em Candeias, as movimentações de fertilizante estão em ritmo estável, os preços de frete estão pressionados. Poucas empresas estão cumprindo a lei da jornada de trabalho na região, não temos como verificar seus efeitos nesta região.

Paranaguá

Em Paranaguá, os pátios de descarga estão cheios, mas até o momento não temos problemas com estadias. Temos uma oferta boa de caminhões para carregamento de fertilizantes, mas os preços de frete tem se mantido estáveis. Melhorou bem a oferta de produto para embarque, diminuindo os problemas com filas e demora nos embarques. Poucas empresa tem cumprido a lei da jornada, principalmente quanto a carga e descarga nos terminais, seguindo o fluxo normalmente.

* Carley Fernando Welter é Supervisor Comercial da Transportadora BOM JESUS TRANSPORTES


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