É tempo de olhar no retrovisor do TRC

Publicado em
05 de Outubro de 2010
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No horizonte de 2011, surgem como acontecimento de destaque os 80 anos da Picorelli Transportes, de Juiz de Fora (MG). Até que ponto a sua prodigiosa longevidade pode ser a estaca do km zero do TRC como ramo de negócio?

O dia 17 de setembro é dedicado ao Transportador Rodoviário de carga, desde 1993. Em 2010, o setor vive fase de incomum crescimento. Ulisses Martins Cruz garante que, desta vez, não se trata de bolha: "O TRC ganhou um novo patamar". Em 40 anos de rodo-jornalismo, é garantido que nunca ouvi afirmativa igual. Ulisses é presidente do Setcemg (sindicato das transportadoras de Belo Horizonte) e teve uma pesquisa a reforçar suas palavras.  Entrevistados por gente de campo, 58% dos empresários de carga disseram ter alcançado o faturamento do período pré-crise de 2009, enquanto as vendas de caminhões no atacado (excluindo os abaixo de seis toneladas) somaram 104.363 unidades nos primeiros oito meses de 2010, representando 64% de expansão sobre igual período de 2009 (fonte: Anfavea).

 É nesse ambiente inédito que se encaixa o olhar no retrovisor. Aproveitando a data e a euforia, pergunta-se à História: quando surgiu o TRC no Brasil? O desconhecimento de si próprio compõe o quadro de oscilante auto-estima do setor, essa dedicada força empurradora da economia, embora muitos a ataquem com fantasiosas lamúrias pró-ferrovia. Em Minas, há um belo começo para pesquisa. Têm-se as confiáveis anotações da Picorelli Transportes, de Juiz de Fora, datadas de 1931. Um único registro seria suficiente? Então que se manifeste quem souber de outro mais antigo. Mas, desde já, os especialistas da Arqueologia das Organizações contam com valioso material de estudo da Picorelli, prestes a completar 80 anos de atividades em 2011. Sua longevidade superou extensa lista de obstáculos posta e imposta ao ambiente de negócios.

CONCORRÊNCIA − Para iniciar, por exemplo, a puxada de couro do Curtume Krambeck e dos tecidos da Bernardo Mascarenhas, ambas locais, tinha de contar com estradas de rodagem em 1931. Os caminhões, muitas vezes também com sacas de café, seguiam para o Rio - rumo à exportação - valendo-se da bem encascalhada estrada União & Indústria, entre Juiz de Fora e Petrópolis. Esta via histórica fará o 150°. aniversário também no ano que vem, tendo sido pensada e construída somente para o tráfego de diligências. À época, a Picorelli usava ainda a ligação Rio-Petrópolis, concluída pelo presidente rodoviarista Washington Luiz, por volta de 1928. Ao presente breve relato, porém, não pode faltar o registro do começo da concorrência de frete com os perdedores trens da Central do Brasil e da Estrada de Ferro Leopoldina, ambas com bem dotadas estações locais. Na opinião do José Moreira, um dos fundadores de Minas-Goiás, de Belo Horizonte e testemunha da derrocada do transporte de carga sobre trilhos, na região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro, "a fuga de clientes se deveu à operação desmazelada do negócio por ferroviários, então recém-chegados à condição de funcionários públicos".

Quanto aos precoces pioneiros do ramo − os irmãos Roque e Galileu Picorelli −, consta que eles fundaram primeiro o Rodoviário Camerino, em 1931, passando a Picorelli & Cia. Ltda., em 1936. Já aqui apareciam como sócios apenas Galileu e José Salvador Paura, que saiu em seguida. Ficou o outro, encarregado de expandir o limitado formato da empresa de filial única - no Rio - e abrir a de São Paulo (1957) e a de Belo Horizonte (1960). Sem abandonar o pátio da carga fracionada, a Picorelli Transportes de hoje tem o seu comando nas mãos de José Antônio de Assis (genro de Galileu) e Alexandre Picorelli Assis (pai e filho). Este, da terceira geração. Já a empresa mantém a atuação sobre o tripé MG, SP e RJ.

As informações são de LUCIANO ALVES PEREIRA para a Revista Carga Pesada

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