Dono da EcoRodovias busca R$ 3 bilhões

Publicado em
07 de Agosto de 2012
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O grupo paranaense CR Almeida, controlador da concessionária EcoRodovias, prepara uma captação de R$ 3 bilhões para financiar a compra da participação dos sócios italianos da Impregilo no negócio. A companhia já obteve uma linha de R$ 2 bilhões com os bancos Bradesco e Itaú e está em busca do restante no mercado, apurou o Valor.

A CR Almeida deve obter os recursos com uma emissão de debêntures com prazo de sete anos. Além de Bradesco e Itaú, o grupo estaria em negociações adiantadas com a Caixa, que entraria com pelo menos R$ 500 milhões. Procurados, os bancos e as empresas não comentaram o assunto.

No mês passado, a CR Almeida, por meio da controlada Primav, elevou a oferta para adquirir 19% das ações da EcoRodovias que estão nas mãos da Impregilo, de R$ 16,59 para R$ 17,90 por ação, o equivalente a R$ 1,9 bilhão. Os italianos permaneceriam com 10% do capital da companhia e manteriam o direito a veto em decisões estratégicas. Em contrapartida, teriam restrições para negociar a participação remanescente na companhia por um prazo de 18 meses.

Mas com R$ 3 bilhões em caixa, e com base no preço por ação da última proposta - que expirou no dia 13 de julho sem que fosse anunciado um acordo -, a CR Almeida teria condições de comprar toda a participação do sócio. Embora não seja a intenção declarada da companhia, a venda total interessa ao grupo Salini, um dos principais acionistas da Impregilo, que possui capital aberto na Itália. Desde que o Salini assumiu a maior parte dos assentos no conselho da companhia, em julho, aumentaram as apostas de venda das ações da EcoRodovias. O Salini defende um maior foco da Impregilo nos projetos de construção.

Caso adquira a fatia integral dos italianos, a CR Almeida passará a deter 74% do capital da EcoRodovias, que possui cinco concessionárias de rodovias e 17 centros logísticos e registrou uma receita líquida de R$ 1,6 bilhão no ano passado. Na proposta de compra, o grupo paranaense avaliou a EcoRodovias em R$ 10 bilhões.

Um possível obstáculo para a CR Almeida assumir sozinha o controle da companhia é o tratamento aos minoritários. Se ficar caracterizada uma mudança no bloco de controle, a oferta teria de ser estendida a todos os acionistas da companhia na BM&FBovespa. Nesse caso, a conta aumentaria em R$ 2,6 bilhões, sempre com base na proposta de R$ 17,90 por ação. Se a compra ficar restrita aos 19%, com a manutenção do acordo de acionistas entre os grupos, não haveria a necessidade de aquisição dos papéis em circulação no mercado.

As ações de EcoRodovias fecharam o pregão de ontem cotadas a R$ 16,90 na bolsa, apenas 6% abaixo da última oferta feita pelos papéis da Impregilo.

Além dos recursos que negocia com os bancos, a CR Almeida se capitalizou recentemente com a venda do controle da Britanite, sua unidade na área química, para a chilena Enaex e a peruana Exsa, por US$ 120 bilhões. Em entrevista ao Valor em junho, o presidente-executivo da CR Almeida, Marco Antônio Cassou, afirmou que o objetivo do grupo é reforçar investimentos em construção, logística e concessões.

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