DNIT manda, mas andar a 40 km/h no Contorno é correr muito risco

Publicado em
04 de Maio de 2010
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"Sem andar a 40 km/h não haverá segurança de trafegabilidade". A frase é do diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Elio Bahia, diante dos acidentes registrados na Rodovia do Contorno, que liga os municípios da Serra e Cariacica.
Mas a orientação de Bahia não pode ser aplicada facilmente na via, onde muitas vezes é preciso violar a legislação de trânsito, e exceder a velocidade máxima, para sobreviver à pressão exercida principalmente por caminhões e carretas, que passam por ali a até mais de 100 quilômetros por hora, sem serem impedidos pela fiscalização.

A GAZETA constatou esse fato ontem à tarde. Ao percorrer a rodovia, em pelo menos duas ocasiões sentiu a pressão exercida por condutores de enormes carretas, que imprimiram velocidade excessiva na via onde circulam até 30 mil veículos por dia. Ali, caminhoneiros acionam suas buzinas e "colam" na traseira dos carros, forçando o aumento da velocidade.

Vertical e horizontal - Aliada à imprudência dos motoristas, outros fatores favorecem o registro mensal de 48 acidentes na via onde o projeto de duplicação teve início há dez anos, e até agora não acabou.

O trecho já duplicado, do Rio Santa Maria até o TIMS, onde ainda serão realizadas obras de instalação de retornos e acessos, não dispõe de nenhum tipo de sinalização. A explicação é que enquanto tudo não for concluído - o que está previsto para os próximos quatro meses - a sinalização definitiva não pode ser instalada.

No trecho onde a pista não é duplicada, há sinalização vertical em caráter precário (específica para a obra), mas a horizontal está quase ou totalmente apagada em vários pontos.

Ao longo da rodovia há placas indicando velocidades de 40 km/hora, 60 km/hora e 80 km/hora - a maioria, onde as obras acontecem, tem limite máximo de 40 km/hora. Mas ninguém respeita a sinalização.

Além das placas de sinalização definitiva estarem encobertas pelo mato, na lateral das pistas, as que são temporárias, no trecho em obras, embora refletivas, carecem de reforço de iluminação artificial à noite.

A informação é de que esse reforço, com uso de lâmpadas protegidas por baldes plásticos, deve ser instalado nos próximos dias em locais como onde há um desvio, no início do trecho já duplicado. Este ano, a falta dessa iluminação fez com que pelo menos um motociclista que não visualizou o desvio, entrasse na contramão e morresse, engrossando uma estatística que já contabiliza oito mortos.

Em entrevista à TV Gazeta Élio Bahia disse que nesta semana será iniciada a sinalização provisória da Ceasa à Coca-Cola, outro trecho a ser duplicado, onde o trânsito é muito perigoso também para pedestres. A conclusão das obras na rodovia está prevista para 2012.

O perigo em números - 8 mortos. Um levantamento feito com base em reportagens publicadas em A GAZETA, entre janeiro e abril deste ano, mostrou que houve o registro de oito mortes de pessoas em acidentes que aconteceram na Rodovia do Contorno.

48 acidentes. É essa a média mensal de acidentes registrada na Rodovia do Contorno, segundo a fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em 2009, o órgão aplicou na via 13 mil multas, sendo oito mil delas por excesso de velocidade.

Problemas devem aumentar em nova fase de obra - Dentro dos próximos 15 dias, com a intensificação dos trabalhos de implantação de 16 acessos e retornos (oito de cada lado, nos sentidos Serra-Cariacica e Cariacica-Serra) no trecho já duplicado, a tendência é de que os problemas causados pelo excesso de velocidade aumentem no Contorno. O diretor do DNIT, Élio Bahia, foi procurado, por meio de telefone, na tarde de ontem, mas não foi localizado. Em entrevista à TV Gazeta, disse que a via está sinalizada, mas que placas de sinalização são roubadas e depredadas. Ele garantiu que nenhum acidente foi registrado no local, dentro da velocidade permitida.

Polícia Rodoviária Federal critica sinalização - A sinalização vertical instalada no trecho em obras da Rodovia do Contorno, entre os quilômetros 268,8 e 288,1, é considerada insuficiente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Já a horizontal, em muitos pontos da rodovia, está apagada.

O inspetor responsável pela Comunicação da PRF, Emanuel Oliveira, explicou que há na via três placas indicando velocidade máxima de 80 km/hora, 12 de 60 km/hora, e 20 de 40km/hora, o que na sua opinião confunde os motoristas.

No trecho em obras, com sinalização provisória, a lei de trânsito, segundo Oliveira, impede que a PRF utilize radar na fiscalização de excesso de velocidade. "O local em obras, onde não há duplicação, exige melhora na sinalização noturna. E em todo o trecho, é preciso que se implante uma sinalização horizontal, mesmo que provisória", disse o inspetor.

Segundo ele, além de impedida de usar radares onde há sinalização precária, a PRF tem comprometido o seu trabalho devido às condições da rodovia, sem acostamento.

"A Rodovia do Contorno não nos oferece condições operacionais para a fiscalização. Fazemos um trabalho maior à noite, porque nesse período diminui o fluxo de veículos, que é intenso durante o dia. A situação é muito complicada e arriscada para quem trafega ali", disse Oliveira, lembrando que a sinalização provisória, já iniciada da Coca-Cola à Ceasa, vai limitar a fiscalização.

Em 2009 a PRF aplicou 13 mil multas na Rodovia do Contorno. Desse total, 8 mil foram por excesso de velocidade.

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