O transporte rodoviário pode parar na próxima quarta, dia de são Cristóvão - o padroeiro dos caminhoneiros.
O protesto tem como alvo as recentes mudanças regulatórias e legais do governo. As medidas visam modernizar o setor, mas estão afetando a renda da categoria.
Sindicalistas contrários ao movimento condenaram a convocação de greve.
Alegam que a ação tenta anular duas medidas de modernização do setor: o controle da jornada e o fim da carta-frete.
A convocação não fala em fechamento de rodovias, mas propõe a paralisação do transporte, que carrega 58% de toda a produção nacional.
Presidente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), Nélio Botelho - o mesmo que articulou o movimento do setor em 1999 - Circula pelo país para mobilizar profissionais autônomos, comissionados, de cooperativas ou de transportadoras.
A proposta é iniciar o movimento e só suspendê-lo depois que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) revogar as resoluções que alteraram a forma de contratação do frete rodoviário.
O MUBC quer ainda que a agência negocie com o governo o adiamento, por um ano, da vigência da lei 12.619, que instituiu o controle de jornada.
Em 1º de agosto, a Polícia Rodoviária Federal começa a multar os caminhoneiros que não cumprirem 11 horas de descanso ininterrupto.
Além disso, a lei exige que eles parem a cada quatro horas.
QUEDA DE RENDA
A categoria diz que as estradas não têm locais de parada e que isso inviabiliza cumprir a lei. Criada para evitar jornada de até 20 horas, a lei está afetando a renda.
Parte dos caminhoneiros recebe 10% do faturamento bruto do caminhão, mas o controle de jornada também reduziu a produtividade do veículo. A renda deles, que alcançava entre R$ 2.500 e R$ 3.000, começou a cair para R$ 2.000, R$ 1.500.
O movimento alega ainda que a criação do cartão-frete levou milhares de autônomos à exclusão do mercado.
O cartão formaliza a contratação e acaba com a carta-frete, um antigo instrumento de pagamento dos caminhoneiros.
Tinha o inconveniente de obrigar o profissional a usar os "créditos" da carta apenas nos postos de combustível indicados pela transportadora que a subscrevia.
Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, diz que o movimento representa um atraso e que os problemas gerados pela tentativa de modernização estão em negociação.
Para Claudinei Pelegrini, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, setores que ganham com a informalidade é que estão financiando o movimento.
Hoje, a categoria tem 1,2 milhão de profissionais.