Diretor do BNDES diz que não existe ’bolsa empresário’

Publicado em
30 de Julho de 2014
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Para João Carlos Ferraz, auxílio é similar ao prestado na Alemanha, Canadá, China, México e Finlândia

O diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, afirmou nesta segunda-feira que não se preocupa com o fato de o banco estar no centro da disputa eleitoral deste ano, mas sim com o debate pejorativo que compara o apoio do banco a grandes empresas à "bolsa empresário" ou "bolsa BNDES". No fim de semana, alguns candidatos de oposição e seus aliados disseram que o problema do Brasil não é o valor destinado à Bolsa Família, mas sim à "Bolsa Empresário" – dinheiro subsidiado ao BNDES, que oferece financiamento a investimentos e projetos empresariais. Segundo Ferraz, o apoio que o BNDES faz a grandes empresas é similar ao realizado em países como Alemanha, Canadá, China, México e Finlândia.

— O problema não é estar no centro do debate, mas tem que ser um debate qualificado. Não pode ficar preso por chavões. Dizer que há bolsa empresário no Brasil não é pejorativo com o BNDES, é pejorativo com o empresariado brasileiro — disse o diretor depois de participar da abertura do seminário internacional "O presente e o futuro das instituições financeiras de desenvolvimento: um diálogo de aprendizado", realizado pela Minds e pela Ford Fundation e que ocorre na sede do BNDES, no Rio.

Ferraz disse ainda que o banco tem muito claro quais são suas prioridades e que os recursos com menor custo são direcionados para infraestrutura, como as linhas de financiamento remuneradas com a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, atualmente em 5% ao ano, percentual abaixo da Selic, que está em 11% ao ano). Já para as grandes empresas, o BNDES adota soluções de mercado. O diretor defendeu, por exemplo, a recente operação de R$ 2,7 bilhões de financiamento ao programa de expansão das Lojas Americanas/Americanas.com, lembrando que a empresa está concorrendo com gigantes internacionais como a Amazon. Ele disse ainda que a solução brasileira para incentivar o investimento é a melhor que existe e disse que é otimista com a economia nacional, que está passando por fase de transição.

— Como o BNDES financia o investimento, já ficou muito claro que quando houver demanda, o governo não deixará faltas recursos —afirmou, indicando que o banco não terá problema de recursos e que o banco não deverá reduzir fortemente os desembolsos deste ano em relação ao ano passado (R$ 190,4 bilhões), ao contrário do que afirmara no fim do ano o presidente da instituição, Luciano Coutinho.

O diretor, contudo, afirmou que a nova flexibilização dos compulsórios bancários, anunciada na sexta-feira pelo Banco Central como forma de injetar até R$ 45 bilhões na economia com a ampliação do crédito, não deverá significar uma expansão da atividade do banco. Em 2008, no auge da crise internacional, o BC também liberou mais compulsórios e os bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil e Caixa) ampliaram os desembolsos, na contramão dos bancos privados que ficaram retraídos e isso minimizou a crise no país.

Ferraz confirmou que há uma demanda para o banco participar de um novo socorro ao setor elétrico – que sofre com o desequilíbrio entre os preços das tarifas ao consumidor e o custo da energia, encarecido com o uso de termelétricas em um ano de seca e baixa nos reservatórios das hidrelétricas –, com uma parcela que pode chegar, segundo fontes do governo, a algo entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões. Mas ele disse que este empréstimo terá taxas de mercado e não será com recursos subsidiados.

— E as empresas terão de passar pelo crivo normal do banco, terão de aprovar a operação — disse ele.

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