Dilma quer manter preço de carros mais baixo para garantir retomada

Publicado em
27 de Agosto de 2012
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Governo, no entanto, só deve anunciar que IPI continua reduzido perto do prazo final, na próxima sexta-feira

Preocupado em garantir a a retomada de fôlego da economia neste segundo semestre, o governo Dilma vai manter o foco no setor automotivo, responsável pelos primeiros sinais de recuperação da indústria nacional.

Está praticamente certo que a redução de IPI para carros, que inicialmente vence na próxima sexta, deve ser prorrogada por pelo menos mais dois meses.

Segundo a Folha apurou, a avaliação da equipe econômica é que a redução do IPI gerou os efeitos desejados no mercado e sua renovação ainda é recomendável para evitar uma queda no ritmo de recuperação da economia neste segundo semestre.

Como é praxe, a oficialização da medida será tomada na próxima semana, no último dia de vigência da atual redução do IPI. Interlocutores presidenciais afirmam que a iniciativa só será descartada se o governo entender que a arrecadação está muito abaixo do necessário, o que o impediria de seguir abrindo mão dessa receita.
Um assessor do governo destacou que a recuperação da economia neste início de segundo semestre não está muito forte, e elevar o IPI dos carros agora pode causar desestímulo exatamente em um setor que acelerou seu ritmo de vendas nos últimos meses.
Em maio, o governo reduziu o IPI de carros nacionais de 1.000 cilindradas de 7% para zero. Dos com motorização entre 1.000 e 2.000 cilindradas flex, o imposto caiu de 11% para 5,5%. Nos utilitários, o corte foi de 4% para 1%.
Estratégia - A ordem no Planalto é não dar como garantida a prorrogação do IPI nesta semana.
A presidente e o ministro Guido Mantega (Fazenda) preferem aguardar o último momento para confirmar a redução, para evitar que o cidadão adie sua compra.
Além disso, as concessionárias estão fazendo campanhas publicitárias para este fim de semana, destacando que está próximo o fim da redução do IPI sobre carros.
No mês passado, já havia uma disposição do Ministério da Fazenda de manter o IPI mais baixo, mas ameaças de demissões em montadoras, como o caso da GM em São José dos Campos, fizeram o governo reavaliar a ideia.
Na ocasião, a própria presidente da República mandou recados prometendo levantar a medida.
Isso só se reverteu quando a montadora se comprometeu a não diminuir seu saldo de empregos no Brasil.
Modelo de prorrogação deixa cliente refém de algumas lojas - Em março de 2009, o governo pediu contrapartidas à indústria automotiva para prorrogar o prazo de redução do IPI. A principal foi a manutenção dos empregos.
No último dia útil daquele mês, os descontos foram estendidos até junho. No fim, entre mudanças de categoria e de exigências, a medida durou até março de 2010.
A cena se repete agora: a indústria comemora os bons resultados e pede a prorrogação do benefício fiscal, o governo desconversa sobre a possibilidade de manter a redução tributária e o consumidor corre às lojas.
Ao mesmo tempo, fabricantes promovem feirões e usam o fim do prazo de descontos como chamariz. Um novo mês de recorde nas vendas é esperado.
A legitimidade dessas ações é justificada pela necessidade de preservar um setor que responde por cerca de 20% PIB. Porém a forma como são executadas pode prejudicar o consumidor.
Lojas têm cobrado ágio sobre produtos recém-lançados, mesmo os disponíveis para pronta entrega.
Com receio de gastar ainda mais no próximo mês, clientes aceitam e fecham negócios desfavoráveis.
Cabe à indústria e ao governo criar saídas para evitar que medidas de incentivo se tornem armadilhas. A prorrogação é definida com boa antecedência, há tempo para elaborar métodos de implementação mais eficientes.
Por outro lado, a extensão beneficia compradores que ainda não receberam seus carros, pois reduz o risco de o modelo encomendado ser faturado após o término da medida, o que levaria à cobrança integral do IPI.
Marcas fazem feirões no último final de semana de IPI reduzido - Montadoras vão aproveitar o último final de semana dentro do prazo inicial anunciado para o IPI menor para elevar os volumes de vendas.
Das quatro maiores marcas, apenas a Ford não fará feirão de fábrica.
Fiat, GM, Volkswagen e Renault oferecerão carros em condições especiais.
Entre as vantagens que serão apresentadas estão descontos no preço, taxa de juros zero, além de brindes como acessórios e pagamento de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
O esforço do final de semana deve ajudar o setor a registrar o melhor mês da história em vendas, como previsto pela Anfavea (associação das montadoras).
A expectativa é superar as 351,4 mil emplacadas em julho, o maior nível já registrado no setor.

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