Descontinuidade e horário diferente confundem motoristas

Publicado em
25 de Julho de 2013
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faixas não têm todas o mesmo intervalo de operação

A descontinuidade no traçado de corredores e faixas de ônibus e a falta de padronização no horário de funcionamento exigem atenção, dizem motoristas.

Ao contrário dos corredores, as faixas não têm todas o mesmo intervalo de operação.

Jonathan Sussumu, 25, reclama dessas diferenças. "Já circulei por uma faixa no Ipiranga em horário não permitido pensando que ela seguia a regra da Radial Leste. Isso porque na própria Radial já há diferenciação [de horários] entre o sentido centro e o sentido bairro", diz.

Geralmente, as faixas funcionam nos horários de pico --das 6h às 9h para o centro e das 17h às 20h ao bairro. Mas há exceções, como a da avenida Paulista, que vai das 6h às 22h nos dois sentidos.

A descontinuidade dos traçados também confunde.

No corredor da avenida Nove de Julho, os automóveis são obrigados a fazer até três mudanças em pouco mais de 1 km. A pista exclusiva à esquerda é interrompida na altura do viaduto Doutor Plínio de Queirós, sobre a praça 14 Bis, volta a vigorar, é interrompida novamente no túnel Daher Elias Cutait e, por fim, retomada.

Na faixa da Radial Leste, a primeira implantada na gestão Haddad, o acesso à avenida Salim Farah Maluf, no sentido centro, também provoca confusão.

A placa que informa a conversão fica em trecho proibido para os carros durante 24 horas, sem indicar a partir de qual ponto o acesso à faixa da direita é liberado. E, depois desse ponto, a faixa passa a funcionar só das 6h às 9h.

A CET diz que "fará uma vistoria na avenida Nove de Julho para verificar a sinalização existente".

No caso da Radial, afirma que, após a estação Tatuapé, "o motorista dispõe de informações na sinalização vertical (placas) e horizontal (linha tracejada branca) de permissão para adentrar a faixa exclusiva".

Multas em faixa de ônibus já superam as por uso de celular

Foram aplicadas 226 mil de janeiro a junho

As multas para quem invade as faixas e corredores de ônibus dispararam nos primeiros seis meses da gestão Fernando Haddad (PT) e já ultrapassam as aplicadas por uso de celular no volante.
Essas invasões às pistas exclusivas do transporte coletivo foram as multas que mais cresceram em São Paulo.

Segundo balanço da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), foram aplicadas 226 mil de janeiro a junho, 39% a mais do que no mesmo período de 2012.

A quantidade é a maior já registrada pela companhia em seis meses e supera até a registrada em 2009 inteiro.

Invadir faixas à direita rende multa de R$ 53,20 e três pontos na habilitação. À esquerda, nos corredores de ônibus, a punição é de R$ 127,69 e cinco pontos.

A disparada dessas multas é explicada pelo aperto da fiscalização e pela expansão de faixas exclusivas de ônibus --que se tornaram prioridade na gestão Haddad.

No início do ano, a cidade tinha 122 km dessas faixas à direita. Desde então, foram implantados mais 82 km.

Após os recentes protestos pela redução da tarifa de ônibus, Haddad antecipou a meta de entregar 150 km de faixas e a elevou para 220 km.

Segundo Haddad, até o fim do ano "todas as grandes avenidas de São Paulo vão contar com faixas exclusivas".

Pelo cronograma da CET, a próxima grande avenida a ter faixa exclusiva será a 23 de Maio, até o fim de agosto.

Além do aumento da quantidade de vias proibidas, o motorista passou a ter mais gente fiscalizando a infração.

Entre maio e junho, 690 fiscais da SPTrans (empresa municipal de transporte) passaram por capacitação e foram habilitados a multar invasões --assim como os 1.854 marronzinhos da CET.

A companhia diz que a fiscalização foi intensificada porque "uma das principais metas da gestão é aumentar" as vias exclusivas e a velocidade média dos ônibus.

Além dos fiscais da SPTrans e CET, essas multas são aplicadas por 72 radares.

Para especialistas, a sinalização das faixas também deve ser intensificada. "Algumas faixas eram preferenciais e agora são exclusivas, isso gera confusão. O aprendizado é doloroso, pelas multas", diz o consultor Sergio Ejzenberg.

Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP, defende que seja ampliado e padronizado o horário de funcionamento das faixas.

INSPEÇÃO
Também cresceram as multas por falta de inspeção veicular - -10%. O fim da taxa e da vistoria anual foi uma das primeiras medidas articuladas por Haddad neste ano.

No total, a quantidade de multas teve queda de 1%, chegando a 4,7 milhões.

A maioria das autuações continua sendo por excesso de velocidade e desrespeito ao rodízio --flagradas pelos radares, responsáveis por 74% do total de multas.

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