Desconfiança afasta os investidores externos

Publicado em
17 de Dezembro de 2013
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Diretores financeiros de grandes empresas estão menos otimistas com o País, revelou pesquisa trimestral da Duke University, da Fundação Getúlio Vargas e da CFO Maganize, concluída na semana passada. Se o sentimento negativo a respeito do Brasil se ampliar, o País poderá enfrentar maiores dificuldades para reequilibrar suas contas externas.

A pesquisa, denominada Panorama Global dos Negócios, foi feita com 1.016 executivos-chefes financeiros (CFOs), em todo o mundo, dos quais 191 baseados na América Latina e 51, no Brasil. O levantamento ajuda a entender por que o nível de investimentos é insatisfatório, tornando o País menos atrativo para empresas globais.

Os níveis de otimismo relativos ao Brasil, de 53,3 pontos numa escala de zero a cem, foram os menores dos últimos quatro trimestres. Nos dois anteriores, os índices foram, respectivamente, de 54,7 pontos e de 63,5 pontos. Os executivos locais estão entre os menos otimistas do mundo, comparados à média de 56,4 pontos, na Europa, e de 57,5 pontos, nos Estados Unidos, em 5/12.

O maior risco é de que a tendência não se reverta no próximo trimestre, alertou um dos corresponsáveis pela pesquisa, o professor Gledson de Carvalho, da FGV.

Investimentos novos têm o duplo efeito de fortalecer a demanda de bens, serviços e mão de obra no mercado local e ajudar o balanço de pagamentos. Em 12 meses, até outubro, o Brasil atraiu US$ 59,1 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IEDs), montante que já não bastou para cobrir o déficit em transações correntes do balanço de pagamentos, estimado entre US$ 75 bilhões e US$ 80 bilhões, neste ano.

Cabe ao governo criar um ambiente favorável ao investimento, não se limitando às concessões recentes e à exploração do petróleo do pré-sal, evitando o agravamento dos desequilíbrios macroeconômicos que solapam a confiança do investidor. Terça-feira, a Sondagem de Investimentos da FGV revelou que houve diminuição, de 43%, em 2012, para 40%, neste ano, da parcela de empresas que aumentou os gastos com máquinas e equipamentos.

A redução do otimismo dos executivos em relação ao Brasil decorre da incerteza quanto à margem de lucro e ao faturamento. A baixa atratividade do leilão de transmissão de energia, ontem, enfatizada pela associação das empresas de base (Abdib), comprova as dúvidas dos investidores até no setor elétrico, um dos que mais trouxeram investidores ao País.

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