O custo logístico médio de escoamento da produção agrícola no Brasil é quatro vezes superior em relação a dois de nossos principais concorrentes, Estados Unidos e Argentina. Foi o que afirmou Luiz Fayet, consultor para Infraestrutura e Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), durante evento nesta sexta-feira (15) em São Paulo (SP). “A infraestrutura logística ruim tira competitividade e renda do nosso agronegócio”, disse Fayet.
Para exemplificar a necessidade de o Brasil passar a escoar mais produtos pelos portos da região Norte, Fayet apresentou outro cálculo. Segundo ele, de Sorriso (MT) até Santos (SP) ou Paranaguá (PR), o transporte de uma tonelada de grãos até a China custa em torno de US$ 130. “Pelos terminais do Arco Norte este custo cai para US$ 80.”
De acordo com Gustavo Spadotti, analista do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Embrapa, o desafio é melhorar as vias de acesso para o Arco Norte. “Além do escoamento, há o gargalo da armazenagem, já que a produção cresce acima da capacidade de estocagem do País”, ressaltou.
Ambos também salientaram que historicamente a matriz de transporte da safra agrícola está errada, já que é baseada em rodovias, e não em ferrovias e hidrovias. Segundo Fayet, desafios relacionados a reservas de mercado/cartelização afastam investimentos privados no transporte sobre trilhos e nos portos.
“Em rodovias, alguma coisa foi feita via parcerias-público-privadas (PPPs).” De acordo com o consultor da CNA, outro exemplo negativo é a navegação de cabotagem [transporte entre portos domésticos], que no Brasil é sete vezes maior do que o transporte intercontinental. “Os investidores internacionais estão com a senha para investir, mas não o fazem por receio da insegurança jurídica no País.