Crescimento da produtividade do país foi nulo durante 21 anos, afirma Scheinkman

Publicado em
05 de Agosto de 2013
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A Produtividade Total dos Fatores (PTF), medida de eficiência agregada da economia que mensura como os fatores capital e o trabalho se transformam em produção, não cresceu no Brasil no período de 1989 a 2010, afirmou ontem José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. A razão por trás do avanço nulo, de acordo com Scheinkman, reside mais em questões microeconômicas do que no ambiente macroeconômico.

Em seminário promovido ontem pelo Insper sobre produtividade e competitividade, o economista mencionou que a PTF é determinada por diversos fatores: ambiente legal e regulatório, políticas protecionistas, barreiras ao comércio internacional, infraestrutura e investimentos em pesquisa e desenvolvimento, entre outros. "A política industrial é uma maneira de aumentar a diferença de produtividade entre indústrias. O governo pega uma indústria e diz "olha, você é menos produtivo, mas vamos te subsidiar para que você tenha lucros iguais aos dos setores mais produtivos", disse.

A infraestrutura deficiente, afirmou o professor, também torna as firmas menos eficientes. Segundo ele, estudos econômicos demonstram que há uma "externalidade" nesse quesito, ou seja: quando uma nova infraestrutura é desenvolvida, ela aumenta apenas a produtividade de firmas que podem se beneficiar dela. Outro problema nesse segmento, acrescentou o economista, é que boa parte dos investimentos em infraestrutura são feitos pelo governo e, portanto, são menos eficientes.

Outro ponto citado por Scheinkman que afeta a produtividade total da economia no Brasil é a má gestão das empresas do país em relação a outros países, algo que pode ser explicado pelo perfil das companhias brasileiras, onde há presença de muitas firmas pequenas e informais e, também, controladas por famílias. As práticas de monitoramento, metas e incentivos aos trabalhadores, disse o economista, são mais difundidas em empresas médias ou grandes. Ele citou que, quanto maior a classificação das empresas no quesito de gestão em determinado estudo, mais produtivas as companhias são. "Os scores mais baixos são consequência de mercados pouco competitivos".

De acordo com o professor, a maior "tolerância" a firmas pequenas e informais também eleva a diferença de produtividade entre empresas de um mesmo setor, o que ocorre no Brasil. Como exemplo, ele citou um estudo que informa que, dentro de uma mesma empresa, uma firma nos EUA pode produzir duas vezes mais do que outra unidade do mesmo grupo. Na Índia ou China, onde também há maior presença de empresas pequenas, a variação muda de 5 para 1. "Se as firmas na China tivessem a mesma variação da distribuição de produtividade do que nos EUA, a produtividade total dos fatores da economia chinesa poderia ser de 30% a 50% maior".

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