Cresce o transporte de cargas pela costa brasileira

Publicado em
23 de Agosto de 2012
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O aumento da navegação pela costa brasileira, a chamada cabotagem, é uma das apostas do Tecon Rio Grande para incrementar a movimentação de contêineres pelo terminal gaúcho. E, realmente, a quantidade de cargas transportadas dessa maneira vem crescendo. Em 2010, a cabotagem foi responsável pela movimentação de 22.881 contêineres dentro do Tecon e, no ano passado, esse número passou para 27.640.

O presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti, calcula que, de janeiro a agosto deste ano, a cabotagem respondeu pela movimentação de cerca de 20 mil contêineres no terminal, o que representa algo entre 10% e 15% da operação total neste período. “Nossa intenção é fazer com que a cabotagem cresça muito”, adianta o executivo, que participou do seminário Cabotagem: Uma Alternativa Logística, realizado na Fiergs.

Ele acrescenta que o complexo teria capacidade para dobrar a movimentação oriunda da cabotagem. O dirigente informa que o arroz corresponde, atualmente, a 86% do total do volume das cargas transportadas dessa maneira e que passam pelo Tecon. Depois, seguem produtos como resinas, móveis, entre outros.

Bertinetti admite que a cabotagem enfrenta algumas dificuldades relacionadas a custos, pois está ligada à navegação, que usa combustíveis especiais e legislações específicas para a tripulação. No entanto, ele destaca que os armadores estão investindo nos navios de cabotagem e oferecendo fretes interessantes para distâncias mais longas. “Temos que mudar a forma de encarar essa prática, porque ela é uma possibilidade maravilhosa”, defende.

O diretor comercial do Tecon, Thierry Rios, reitera que o terminal está preparado, em termos de infraestrutura e de foco, para que esse incremento aconteça. Entretanto, ele lembra que o modal rodoviário é predominante no Brasil. “Então, leva algum tempo para desenvolver essa nova cultura”, aponta Rios.

Ainda envolvendo o segmento logístico, uma importante ferramenta para o aprimoramento do setor será apresentada ao público na próxima terça-feira, na Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Projeto Sul Competitivo trata-se de um diagnóstico da infraestrutura logística dos três estados da região Sul do País. O diretor do Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Ciergs), Ricardo Portella Nunes, explica que o levantamento colheu informações diretamente com as empresas. A partir desses dados, serão traçados cenários sobre as ações e os investimentos necessários para melhorar o processo logístico.
ALL estuda devolução do trecho ferroviário SP-Porto Alegre

A ALL - América Latina Logística está estudando com o governo a devolução do trecho ferroviário São Paulo-Porto Alegre, informou ontem o superintendente financeiro e de relações com investidores da empresa, Alexandre Rubio. De acordo com ele, essa é uma das possibilidades para que o governo concretize parte do plano de concessões anunciado na semana passada.

“Há a possibilidade de se pensar em devolução desde que o governo me pague o capital empregado. Mas isso está sendo estudado”, declarou o executivo, após participar de encontro realizado pela Apimec-Rio, acrescentando que o trecho em questão não é muito representativo no resultado da empresa.

Rubio disse que a ALL está atenta às possibilidades relativas ao pacote lançado para desenvolver a infraestrutura do País, mas acrescentou que no curto prazo não prevê investimento para tais projetos. “Acho que o pacote está em fase muito inicial ainda. Temos uma disciplina muito grande para gastar nosso dinheiro”, declarou. Ele frisou que os últimos projetos nos quais a empresa entrou foram tocados por meio de associação. “Temos buscado parceiros para colocar o capital e ficamos com participação no negócio.”

Durante o evento, o executivo revelou ainda que a empresa está negociando com três grupos argentinos a venda de seus ativos no país vizinho. “Faz mais sentido (a venda de) uma operação dessas para grupos argentinos do que para multinacionais devido ao contexto que temos lá”, declarou. Sem informar o nome dos interessados, Rubio evitou dar um prazo para a concretização da transação.


Pacote de concessões incluirá ramal ligando regiões produtoras ao litoral (Gazeta do Povo - PR)

Após uma semana de críticas sobre a suposta exclusão do Paraná do pacote de concessões que vai injetar R$ 133 bilhões na infraestrutura brasileira durante os próximos 30 anos, o governo federal detalhou ontem como o plano vai contemplar o estado. A principal obra, que não constava da apresentação oficial do programa na semana passada, será a conexão por ferrovia do porto de Paranaguá com novos ramais que terão ligação com São Paulo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Segundo a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, há várias opções em estudo para o empreendimento, mas o mais provável é a construção de um trecho entre Paranaguá e São Francisco do Sul (SC). Ela também garantiu que os novos ramais que passarão pelo estado terão um sistema de bitola misto, que permita a interligação com o resto da malha local.

“É um plano de caráter nacional, de integração do território nacional, que contempla todos os estados. O Paraná sempre esteve nesse plano. Como nós divulgamos os eixos estruturantes nacionais, não ficou claro por onde seriam os traçados das ferrovias”, explicou a ministra.

No mapa apresentado pelo governo federal no último dia 15, quando a presidente Dilma Rousseff lançou o pacote, havia a sinalização de apenas dois eixos ferroviários no Paraná. À primeira vista, a proposta faria do estado uma rota de passagem da produção agrícola e industrial do norte do país rumo ao porto de Rio Grande (RS), próximo à fronteira com o Uruguai.

Porto

Gleisi, no entanto, desmentiu temores sobre a perda de importância de Paranaguá. “Nós vamos ter o porto de Paranaguá como um dos mais importantes do Brasil para os próximos 20 anos.” Anteontem, ela anunciou R$ 146 milhões para a obra de dragagem do porto, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2.

Gleisi apresentou o detalhamento do plano de concessões em reunião no Palácio do Planalto com representantes do Fórum Permanente Futuro 10 Paraná e 13 parlamentares da bancada federal paranaense. Também estiveram presentes o secretário estadual de Infraestrutura, José Richa Filho, e o presidente da recém-criada Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, que vai cuidar da gestão do pacote.

Ferroeste

Ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Figueiredo disse que já havia negociado anteriormente com Richa Filho propostas para a ligação entre Maracaju (MS) a Paranaguá. “Não tenham dúvida de que a ideia preferencial é utilizar o ramal da Ferroeste de Cascavel até Guarapuava, e que depois se continue até o porto”, disse o presidente da EPL, em apresentação durante o encontro. Segundo ele, essa proposta só não foi apresentada na semana passada porque há dúvidas sobre qual é a melhor maneira de levar a ferrovia até Paranaguá.

“A presidente pediu que a gente não incluísse nada que não tivesse uma definição clara de qual seria a solução. Nesse caso, nós não tínhamos. Eventualmente é possível construir um sistema que se articule e que gere benefício um para o outro”, disse Bernardo, sobre a hipótese da construção de um sistema binário.

Alternativa

A ideia é manter o atual acesso entre Curitiba e Paranaguá, via Serra do Mar, em combinação com a ligação até São Francisco do Sul, cidade que também tem um porto estratégico para o governo. Pela sugestão do binário, cargas chegariam a Paranaguá por Santa Catarina e saíram pela Serra do Mar. “É positivo porque abriria uma nova alternativa de escoamento”, avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná e diretor do Fórum, Edson Campagnolo.

Segundo Gleisi, o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do trecho entre Cascavel e Paranaguá será contratado em setembro e deve ficar pronto em um prazo de sete a dez meses. Não há estimativas de quanto a obra vai custar. Para o presidente do Instituto de Engenharia do Paraná, Jaime Sunye Neto, o trecho integral entre Maracaju e Paranaguá deve custar cerca de R$ 7,5 bilhões.

Richa Filho diz que está “satisfeito” com obras

O detalhamento do pacote de concessões apaziguou a relação entre os governos estadual e federal. Um dos principais críticos do anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff na semana passada, o secretário estadual de Infraestrutura, José Richa Filho, disse durante a reunião que houve uma “precipitação” na reação inicial às propostas. Na saída, ele também declarou que está “bastante satisfeito” com as obras previstas para o estado.

“O plano foi lançado com uma série de pontos difíceis de serem entendidos. A sociedade nos colocou isso no Paraná. Hoje eles começaram a ser esclarecidos”, disse o secretário, que é irmão do governador Beto Richa (PSDB). Segundo Richa Filho, a administração estadual não se opõe à ideia de ceder o trecho da Ferroeste entre Cascavel e Guarapuava à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. – empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes. “A Valec é inclusive uma das sócias da Ferroeste”, ressaltou.

Para ele, há convergência na proposta de levar a ferrovia de Maracaju (MS) a Paranaguá (PR) pelo sistema de bitolas mistas, mas ainda há dúvidas sobre como chegar ao porto a partir do entroncamento na estação de Engenheiro Bley, na região sul do Paraná. A princípio, o governo do estado entende que a melhor ideia é a construção de uma nova ferrovia, em sentido paralelo ao atual trecho da Serra do Mar. A ministra Gleisi Hoffmann, no entanto, diz que a sugestão é praticamente inviável do ponto de vista ambiental e defende o plano de fazer a ligação por São Francisco do Sul (SC).

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