Corrupção na Petrobras paralisa obras de estaleiro e provoca demissões

Publicado em
26 de Agosto de 2015
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Outra obra gigantesca, também ligada à Petrobras, está parada há seis meses. O estaleiro Enseada, perto de Salvador, que seria um dos fornecedores de navios-sondas para a exploração do pré-sal. Milhares de pessoas perderam o emprego.

Dois anos e meio de trabalho pra erguer uma estrutura que já consumiu R$ 2,5 bilhões. O estaleiro é construído por quatro empresas: uma japonesa, a Kawasaki, e as brasileiras Odebrechet, OAS e UTC.

Como as três brasileiras estão sendo investigadas na Operação Lava Jato, bancos e o fundo da marinha mercante suspenderam o financiamento faltando menos de 20% para terminar a obra.

O píer de atracação está pronto. O guindaste, que custou R$ 200 milhões, já deveria estar funcionando. A construção do dique, onde os cascos dos navios-sondas serão fabricados, está bem adiantada.

Quinhentas toneladas de cimento que seriam utilizadas no dique já se perderam nos silos de armazenagem. A validade venceu.

Jornal Nacional: A validade do cimento é de quanto tempo?
Hermano Vieira, coordenador de produção: É de apenas 90 dias.
Jornal Nacional: Não dá pra aproveitar mais?
Hermano Vieira: Não, hoje não dá pra aproveitar mais.

O espaço mostrado no vídeo acima fervilhava de gente no auge da construção. Eram sete mil pessoas trabalhando. Mas 6,5 mil foram demitidas. Hoje, só o pessoal que faz a manutenção e segurança dos equipamentos permanece no emprego.

Entre os que ficaram, 80 operadores que foram treinados no Japão por conta do estaleiro.

Jornal Nacional: Ficou quanto tempo lá?
Joilson Ribeiro, operador: Três meses.

Joilson está preocupado com o futuro. Avanir já não sabe o que fazer. A família inteira foi demitida.   

"Eu, meu marido, minha irmã, filho, sobrinho e dois cunhados”, contou a copeira Avanir Silva Melo.
  
Cristina e Ivan tiveram de interromper a reforma da casa.

"Não deu pra continuar, até porque não poderíamos gastar mais. Porque iríamos sobreviver de quê?”, lamentou a soldadora Cristina Sacramento.

A grande maioria dos demitidos mora em vilarejos e cidades que ficam perto do estaleiro. Muitos foram embora, procurar trabalho em outros estados.

Era tanta a confiança no movimento do estaleiro que os empresários da região investiram alto em seus negócios. O hotel mostrado no vídeo, por exemplo, estaria funcionando hoje com o dobro da quantidade de quartos. Mas a obra de ampliação parou, porque depois de demitidos os hóspedes foram embora.

É a mesma situação de uma pousada.

João Mário Dias, dono da pousada: Naquele período mantinha 100%.
Jornal Nacional: E hoje qual é a ocupação?
João Mário Dias: Hoje é zero.

Pousadas, hotéis, restaurantes e até postos de gasolina foram fechados. E, segundo a direção do estaleiro, não há previsão de retomada das obras.

O consórcio responsável pela construção do estaleiro declarou que aguarda o pagamento de R$ 1 bilhão pelas obras que já estão prontas. E a liberação de mais R$ 500 milhões para a conclusão do projeto.

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