Continental investe no caminhão inteligente

Publicado em
28 de Novembro de 2014
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Sistemas eletrônicos reduzem custos do transporte rodoviário

PEDRO KUTNEY, AB

A divisão de sistemas para veículos comerciais daContinental prepara alguns pacotes de automação e conexão que podem trazer reduções expressivas de custos para o transporte rodoviário de cargas, o que eleva a velocidade de adoção dessas soluções, inclusive no Brasil, mesmo que o preço de aquisição seja um pouco maior. A eletrônica e a conectividade em rede tornam o caminhão inteligente, capaz de reconhecer a rota à frente e tomar decisões automáticas de operação, sem a dependência do motorista, como acelerações e trocas de marchas no tempo exato para economizar combustível e aumentar a segurança. Um pouco mais adiante ainda, na próxima década, a empresa aposta que todas essas automatizações vão levar à direção autônoma, quando será possível deixar o veículo guiar por conta própria em certas situações. 

Os primeiros quilômetros dessa rota tecnológica já foram percorridos pela Continental com o eHorizon, lançado na Europa há quase dois anos – o primeiro cliente foi a Scania. O sistema de navegação inteligente armazena o mapa topográfico do percurso e traça uma estratégia de operação para o caminhão, que “sabe” com antecedência, por exemplo, das subidas e descidas da estrada adiante, e com isso executa acelerações, frenagens e trocas de marcha na medida para aumentar a eficiência do veículo. O resultado prático aferido pela Continental até agora foi a redução média de consumo de 2% a 3%, o que significa economia de aproximadamente € 2 mil por ano, além de evitar a emissão de 4,2 toneladas de CO2 na atmosfera. 

O próximo passo evolutivo do sistema foi batizado de eHorizon Connected. “O veículo vai gravar e transmitir as informações da rota em nuvem, para aprimorar os mapas topográficos”, explica Michael Ruf, diretor da unidade de negócios de veículos comerciais e aftermarket da Continental. Ele afirma que o navegador inteligente conectado deverá equipar os primeiros caminhões a partir de 2016. E após a virada da década a evolução aponta para o eHorizon Dynamic, com a troca de informações sobre tráfego, obstáculos e acidentes em rede entre veículos e infraestrutura. A conectividade total, com a chamada internet das coisas, abre o caminho para a introdução da direção autônoma, em que o caminhão poderá guiar sozinho, uma vez que seus sistemas interligados saberão de tudo que acontece adiante para tomar as decisões sobre a condução e evitar acidentes. 

RÁPIDA ABSORÇÃO ATÉ NO BRASIL

Esse roteiro tecnológico é conhecido como ITS, sigla em inglês para Intelligent Tranportation System. “Estamos totalmente engajados no ITS, pois somos importantes fornecedores de boa parte dos sistemas que controlam suas funções”, destaca Ruf. “Todos os fabricantes conhecem bem nossas soluções e enxergam nelas oportunidades para oferecer diferenciais competitivos com a redução de custos. Por isso a adoção dessas tecnologias está cada vez mais rápida”, avalia. 

Mesmo em tempos bicudos de queda nas vendas, como é o caso no Brasil, Ruf diz que a Continental nunca corta os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que em sua divisão chegam a 10% do faturamento global. “É preciso lembrar que cada avanço tecnológico leva cerca de quatro anos para ser desenvolvido e adotado, logo a evolução não pode parar por causa de problemas no cenário atual.” 

“No caso brasileiro as diferenças tecnológicas com a Europa estão se reduzindo cada vez mais rápido. Não é possível dizer ainda quando a navegação inteligente pode chegar aqui, mas sabemos que não demora tanto quanto no passado”, afirma Marcello Lucarelli, diretor da unidade de veículos comerciais da Continental no Brasil. Ele diz ainda que a empresa tem condições de montar aqui boa parte dos sistemas de conexão e automação do eHorizon. “Podemos fazer sem problemas assim que tivermos clientes com volumes suficientes para isso. Só os componentes eletrônicos continuarão a ser importados, porque não existe fabricação aqui”, explica. 

“Quando se oferece redução de custos a adoção de novas tecnologias é mais rápida. O Brasil levava de cinco a seis anos para adotar sistemas lançados na Europa. Acredito que esse tempo será reduzido”, avalia Ruf. “O problema para adotar o eHorizon no País é a falta de mapas topográficos para alimentar o sistema, mas isso é questão de tempo.”

TACÓGRAFO DIGITAL CONECTADO

Se ainda não é possível traçar a navegação inteligente para caminhões no Brasil, ao menos a Continental já fornece no aftermarket o tacógrafo digital, que agora também pode ser conectado via telefonia celular, para fornecer informações on-line em tempo real ao transportador. “Os dados sobre localização, velocidade, frenagens e consumo são transmitidos para servidores administrados pela Continental e podem ser acessados a qualquer momento via internet”, explica Lucarelli. 

Segundo o executivo, o tacógrafo BVDR-web pode gerar diversos relatórios que ajudam a reduzir custos e aumentar a segurança, gerando dados para a qualificação dos motoristas. “É possível otimizar o consumo com a orientação exata sobre como dirigir o veículo em determinadas rotas”, diz o diretor.
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