Congestionamento faz Porto de Santos perder mais de R$ 800 milhões

Publicado em
05 de Agosto de 2013
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Para minimizar os problemas viários enfrentados na região da Alemoa - que já chegaram a bloquear R$ 800 milhões em investimentos no Porto de Santos - a Prefeitura está elaborando um plano logístico operacional, que deverá ser implantado até o final do ano. A ação conta com o apoio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Ecovias, empresários, governo estadual, entre outros intervenientes. Por enquanto, o projeto encontra-se em fase de análise técnica.

"O plano está sendo discutido para que melhore a infraestrutura logística da Alemoa. Estamos fomentando a discussão com todos os atores que estão envolvidos no problema. Se todos retornarem com a velocidade esperada, acredito que possa sim ser concluído neste ano", disse o secretário adjunto da Secretaria de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos (Seport), Frederico Abdalla.

Ele participou, na manhã de quinta-feira, de mais uma reunião da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA). Na ocasião, representantes de terminais instalados nesse trecho do cais santista aproveitaram para demonstrar sua insatisfação com o caos constatado no local diariamente. O próximo passo é levar as reivindicações para o presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), Paulo Skaf, na capital.
Tráfego desordenado com filas de caminhões gerando congestionamentos é o principal cenário encontrado pelos que precisam passar todos os dias pela região.

"A Alemoa é o único ponto de entrada do Porto de Santos, que é o maior da América do Sul. Se não tivermos uma possibilidade de uma entrada viável e planejada vamos continuar tendo os problemas", mencionou o vice-presidente da AMA e diretor executivo da Stolthaven, Mike Sealy.

Para ele, nem mesmo o agendamento de caminhões tem resolvido os entraves, que muitas vezes impossibilitam a ida para São Paulo e fazem empresários optarem por trabalhar em casa boa parte do dia. "Com o estrangulamento que temos mais pra trás, o agendamento não pode ser feito, porque (a carreta) não consegue chegar na hora marcada", disse Sealy, que também atua como diretor técnico da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL).

O início iminente das operações da Brasil Terminal Portuário (BTP) e questões relacionadas a segurança também foram levantadas pelos empresários durante a reunião. Nem mesmo um buraco na Rua Albert Schweitzer, que dificulta a passagem dos caminhões, foi esquecida pelo participantes.

Entre os envolvidos nos debates estavam representantes da Fassina, S. Magalhães e Ultracargo. "Para onde vai a fila da BTP? Para a Anchieta ou próximo ao Tecondi? Não está planejado", questionou um dos empresários, que chegou a comentar o interesse da GM (General Motors) em deixar o Porto de Santos e migrar para Paranaguá (PR), Sepetiba (RJ) e Rio Grande (RS), devido as gargalos existentes no complexo. Na Alemoa, a movimentação de veículos é feita na Deicmar.

Investimentos

E a perda de empresas não é o único reflexo da situação na Alemoa. Enquanto o problema não é resolvido, o cais santista também fica sem investimentos. "Primeiro paramos por causa da MP595 (que deu origem ao novo marco regulatório do setor), agora, falando pelo segmento de graneis líquidos, estamos deixando de investir cerca de R$ 800 milhões", garantiu Sealy, que acaba de voltar do exterior, onde uma das principais preocupações do governo é com a infraestrutura. "Aqui é a última coisa".

Coordenador do plano integrado de emergência dos líquidos a granel, Sealy teme a dificuldade de acesso dos bombeiros ao local, em caso de calamidade. "Estamos seriamente preocupados, pois não terão como entrar e sair", disse. O diretor da Stolthaven também estava insatisfeito com a falta de pátios reguladores para equilibrar o fluxo entre os produtores e recebedores da carga.

"É muito difícil conseguir fazer um tráfego linear. Os produtores não têm infraestrutura para produzir o que estão produzindo, então imediatamente colocam nos caminhões, que não têm onde ficar e vêm pro Porto", explicou.

Diante do cenário negativo, o plano da Prefeitura é minimizar os impactos a curto prazo, enquanto as obras na entrada da Cidade não são concretizadas. Para isso, conta, principalmente, com o apoio dos empresários. Nesse sentido, os terminais ficaram de enviar para a Seport três informações consideradas fundamentais: o plano logístico do terminal, capacidade estática e quantos veículos as instalações têm capacidade de absorver nos pátios.

Com esses dados e a análise técnica de engenheiros e arquitetos, o projeto poderá sair do papel com ações que incluem a inversão de ruas e a criação de baias de estacionamento nas calçadas. "Não vamos fazer nada sem ouvir os empresários e também devemos chamar os caminhoneiros. É preciso ter todos os atores sentados com o mesmo foco".

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