Confiança da indústria avança para 83,4 pontos em junho, diz FGV

Publicado em
04 de Julho de 2016
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O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 4,2 pontos em junho ante maio, alcançando 83,4 pontos, informou nesta terça-feira, 28, a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este é o maior nível do indicador desde fevereiro de 2015 (84,9 pontos). A alta foi observada em 14 dos 19 principais segmentos do levantamento e foi determinada pela melhora das expectativas em relação ao futuro próximo.

O Índice de Expectativas (IE) avançou 7,5 pontos sobre o mês anterior. Essa foi a segunda maior alta registrada pelo indicador, perdendo apenas para a variação mensal de janeiro de 2002 (7,6 pontos). Dentro do IE, o destaque de alta foi do indicador que capta as perspectivas para a produção nos três meses seguintes. Após o terceiro aumento consecutivo, o indicador atingiu 93,9 pontos, o maior nível desde abril de 2014 (96,1 pontos).

Já o Índice de Situação Atual (ISA) também subiu, ainda que em menor medida – 0,7 ponto, para 81,2 pontos. O indicador que mede o grau de satisfação com o nível atual da demanda foi o principal determinante para a alta do ISA em junho, ao atingir 80,1 pontos, 2,7 pontos superior ao observado no mês anterior.

Para o superintendente adjunto para Ciclos Econômicos da FGV/IBRE, Aloisio Campelo Jr., o resultado de junho consolida a tendência de recuperação da confiança no setor industrial. “O retorno da confiança aos níveis médios históricos dependerá, de agora em diante, de uma efetiva recuperação da demanda interna e da redução das incertezas originadas no ambiente político”, afirmou.

Nuci

A FGV também informou que entre maio e junho o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) aumentou 0,1 ponto porcentual, atingindo 73,9%. Em bases trimestrais, este é o primeiro avanço do Nuci desde o terceiro trimestre de 2013. A média do indicador no segundo trimestre (74,0%) ficou 0,2 ponto porcentual acima da média do trimestre anterior (73,8%).

A pesquisa ouviu 1.114 empresas entre os dias 1º e 23 de junho. É o primeiro levantamento realizado integralmente durante a gestão do presidente em exercício, Michel Temer, que assumiu a presidência em 12 de maio.

Ipea vê indícios de que início de recuperação está próximo

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um estudo referente à situação econômica do País. O documento, no qual já aparece o nome do novo presidente do instituto, Ernesto Lozardo, sinaliza que a recuperação da economia brasileira estaria mais próxima. Os “primeiros sinais deste possível início de recuperação cíclica”, de acordo com o Ipea, se concentram, a princípio, na indústria, sobretudo nas empresas com atuação no mercado externo.

“Não obstante o quadro geral relativo à atividade econômica continuar sendo caracterizado pelo ciclo recessivo iniciado no segundo trimestre de 2014, já há indícios de que o início da recuperação pode estar mais próximo”, aponta a Carta de Conjuntura referente ao mês de julho, publicada nesta segunda-feira. “Se, por um lado, o elevado grau de disseminação e intensidade da queda da atividade econômica lhe confere um caráter resiliente, por outro o desempenho recente de alguns indicadores sugere que a crise começa a perder fôlego”, complementa o material.

O Ipea destaca que setores industriais voltados ao comércio exterior são os primeiros beneficiados com o que o instituto classificou como “ajuste proveniente do setor externo”. A retração da demanda doméstica, por outro lado, “segue provocando um forte ajuste de estoques”. O atual nível dos estoques, por outro lado, representaria uma “fonte de estímulo” para a retomada da produção doméstica.

O aparente otimismo, contudo, é acompanhado de uma análise do atual momento da indústria, o setor que mais sentiu a crise econômica, e todos os desafios ainda a serem superados. “A análise dos dados divulgados na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE permite identificar indícios de que a longa trajetória de queda da produção industrial pode estar se aproximando de um ponto de inflexão”, aponta o Ipea. “O caminho de recuperação, no entanto, aparentemente será longo”, destaca o documento, em outro trecho.

PIB

Ao analisar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no início do ano e destacar o fraco desempenho da economia nos últimos trimestres, o Ipea estima que o carry-over para 2016 ficou em -2,6%. “Ou seja, caso permaneça estagnado durante os próximos três trimestres, na série com ajuste sazonal, o PIB de 2016 terá sido 2,6% menor que o do ano passado”, pondera o material, elaborado após a divulgação da queda de 5,4% do PIB referente ao primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.

A desaceleração no ritmo de queda do PIB, cogitada pelo Ipea, teria como pano de fundo o atual patamar da economia brasileira. Desde o início da “atual recessão”, período não detalhado pelo instituto, o PIB já acumula queda de 7,1%. Além disso, a queda acumulada em quatro meses até o mês de março ficou em 4,7%, novo recorde negativo da série histórica iniciada em 1996.

Os níveis de confiança dos empresários vêm registrando altas nos últimos meses, “embora ainda se mantenham em patamares muito próximos dos mínimos históricos”, relembra a Carta da Conjuntura. A indústria, relembra o documento, apresentou queda em oito dos últimos dez trimestres. Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou no início de 2016 pelo décimo trimestre consecutivo.

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