Concessões rodoviárias resultam em alta da demanda por equipamentos

Publicado em
28 de Março de 2014
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O relativo avanço das obras de infraestrutura do país, o crescimento do agronegócio e as taxas atrativas das linhas de financiamento Finame PSI, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acabaram embalando o segmento de máquinas pesadas de construção em 2013. "E as expectativas são igualmente otimistas para este ano", declara Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Para ele, também as concessões rodoviárias em curso se traduzem em aumento de demanda para os equipamentos de construção. "A produção de máquinas rodoviárias e agrícolas em 2013 foi recorde histórico e superou pela primeira vez a barreira das 100 mil unidades." As 100,5 mil máquinas fabricadas representaram um crescimento de 20% frente a 83,7 mil unidades produzidas em 2012.

Segundo Moan, a expansão de produção foi consequência também do fortalecimento do mercado interno, estimulado por safra recorde e a busca de aumento da produtividade tanto na construção e modernização das rodovias quanto na produção do campo. "Pesaram também as encomendas realizadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para o PAC2

Equipamentos, repassadas para municípios com até 50 mil habitantes, fora das principais regiões metropolitanas."

Para 2014, a Anfavea projeta um crescimento de 1,1% nas vendas internas, o que será um bom resultado já que a base é alta, diz Moan.

O diretor geral da Case Construction na América Latina, Roque Reis, informa que em 2013 foram produzidas na fábrica de Contagem (MG) mais de 4,9 mil máquinas de construção, entre motoniveladoras, pás carregadeiras, retroescavadeiras e escavadeiras. Segundo ele, esse número representa um aumento de 10% na comparação com o ano anterior. "Quanto às vendas, a Case Construction estabeleceu seu novo recorde em toda sua história, com um aumento de 1,1% ante 2012, chegando a 4,46 mil máquinas comercializadas em todo território nacional."

Em relação às vendas de 2014, Reis é cauteloso nas previsões. "Estamos diante de um ano atípico, com Copa e eleições gerais", diz. Ele considera que esses são pontos a favor dos investimentos em obras de infraestrutura, o que gera demanda por mais máquinas. "Porém, historicamente, há uma redução de atividade após as eleições presidenciais."

De qualquer forma, a Case trabalha com a expectativa de que as vendas de máquinas em 2014 fechem no mesmo patamar de 2013, contando as licitações para o MDA. "Estas já incrementaram as vendas em cerca de 10% no ano passado e vão fazer diferença também em 2014", diz.

De seu lado, Roberto Marques, líder da divisão de construção da John Deere Brasil, revela que 2013 foi o ano em que a multinacional americana (uma das grandes em máquinas de construção do mundo) deu partida a sua operação no Brasil. "Neste ano teve início a produção em duas fábricas recém-inauguradas na cidade de Indaiatuba, no interior paulista, mas no ano passado nosso objetivo principal foi desenvolver uma vasta rede de distribuição, justamente para que quando as unidades brasileiras começassem a fabricar, os produtos já pudessem chegar à porta dos clientes."

Uma das plantas é própria da John Deere e outra é uma parceria com a japonesa Hitachi. A fábrica exclusiva produz pás carregadeiras e retroescavadeiras. A outra, em conjunto com a Hitachi, produz escavadeiras. "Nossa intenção é aumentar o portfólio de máquinas produzidas no Brasil, tanto que já estamos trazendo mais modelos para nossas fábricas de Indaiatuba", afirma.

Há alguns meses, a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), vem discutindo com o governo a criação de um programa de estímulo à indústria de máquinas e equipamentos em geral.
O programa foi batizado de Inovar Máquinas. "O Inovar Máquinas teria como objetivo valorizar a indústria nacional e acabar com o ex-tarifário federal, ou seja, a isenção de imposto de importação quando não há máquina similar nacional", observa Carlos Pastoriza, diretor secretário a Abimaq. Em última análise, o programa ajudaria a melhorar as bases para a produtividade da indústria de máquinas em toda a cadeia.

Na visão de Roque Reis, da Case, uma das propostas do Inovar Máquinas é tornar competitivo o segmento de máquinas de construção (escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras e retroescavadeiras). "O programa se faz necessário porque a participação das importações na demanda doméstica aumenta ano após ano", afirma, considerando que isso traz deterioração ao parque fornecedor de autopeças no Brasil. "Uma vez que a demanda não aumenta, o segmento de autopeças não se sente compelido a investir em pesquisa e desenvolvimento ou em produtividade."

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