Comunicado da NTC&Logística sobre a Defasagem de Frete

Publicado em
02 de Fevereiro de 2016
compartilhe em:

Estudo do DECOPE indica defasagem 12,90% nos fretes

O ano de 2015 iniciou em estado de alerta, depois de 2014 ter terminado com as contas públicas já em dificuldades e, até então, nem os críticos mais pessimistas imaginavam como ele iria terminar: inflação na casa dos dois dígitos (IPCA de 10,67%), o PIB encolhendo entre 3,5% e 4,0%, dólar a R$ 3,905 (alta de 47% com pico 4,17 no ano), o país perdeu ao longo do ano o selo de bom pagador em duas agências de risco e viu o índice de desemprego avançar de 6,5% para 8,9% e, ainda com queda na renda do trabalhador.

Uma única notícia no período pode ser considerada “boa” e veio das contas externas, com superávit comercial na casa dos 20 bilhões de dólares.

O ano de 2016 deverá ser um teste para as instituições democráticas do Brasil, mostrando se o país consegue colocar a economia nos eixos através de uma agenda que contemple ao mesmo tempo o curto e o longo prazo.

Para o setor de transporte rodoviário de carga (TRC) o ano não foi muito diferente do resto da economia brasileira. Não houve crescimento, pelo menos é o que mostra o trabalho de sondagem que a NTC realizou, que indicou uma queda média no faturamento das empresas do setor da ordem de 8,9%, número que deve ter sido maior, pois ele não considera o número de empresas que não participaram do estudo porque fecharam as portas ao longo do ano – para estas a queda foi de 100%.

E, a inflação também não deu trégua para o setor, o Índice Nacional de Custos de Transporte – INCT atesta para o ano de 2015 uma variação de 9,01% para o transporte de carga lotação e 9,46% para o transporte de carga fracionada. Contribuíram de forma significativa para estes resultados os aumentos de mão de obra com 9,0%, o óleo diesel com aumento de 14,02% e a oneração do INSS sobre a folha de pagamento em 50%.
Como forma de enfrentar a crise por que passa o país, as empresas e os gestores mais preparados vêm fazendo o que podem, arrumam a “casa” cortando custos e adiam os investimentos - a queda na venda de caminhões e implementos caiu quase pela metade no ano. E, os desavisados, aqueles que preferem trilhar o caminho, aparentemente mais “fácil”, tentam enfrentar o problema concedendo descontos como forma de aumentar as vendas, o volume de carga e consequentemente as receitas. Estes esquecem que está estratégia também implica em aumento de custos, e se o valor do desconto, como tudo indica, for exagerado o resultado será trágico para situação econômica da empresa no médio prazo.

Mesmo com os alertas e os esforços que a NTC dispendeu ao longo do ano, sobre os perigos e as consequências que o desconto no valor do frete pode trazer para o setor. A pressão do mercado, neste caso, estamos nos referindo aos compradores do serviço de transporte, fez com que o valor do mesmo diminuísse e a defasagem em relação ao custo atingiu 12,90% - sem contar os impostos.

Esta defasagem de 12,9% é insustentável para um setor cuja margem de lucro historicamente, em períodos não recessivos, é da ordem de 5%, principalmente se considerarmos as previsões dos especialistas sobre a duração da crise, onde os mais otimistas vislumbram algum crescimento só em 2018.

Enfim, tudo indica que a crise pela qual passamos deverá ser longa, o que não quer dizer que ela será eterna. Ela deve passar, assim como as outras superadas pelo Brasil. Também é certo que a atividade de transporte de cargas irá continuar a existir, pois ela é fundamental para a sociedade. A questão não é esta, mas sim, quais as empresas que ainda estarão operando neste mercado. Sobre este aspecto, podemos afirmar, com certeza, que serão aquelas que foram ágeis e tiveram competência suficiente para se adequarem ao período recessivo.

São Paulo, 28 de janeiro de 2016.
Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&LOGÍSTICA)

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.