“Quem compra pela internet não tem o conforto de experimentar a peça, de saber exatamente a qualidade do produto, então precisa ter alguma contrapartida financeira. Já deixei de comprar por causa do valor do frete e sempre dou preferência para quem não cobra”, diz Márcia Machado, que acredita que o fato de o empresário não ter custos com aluguel e funcionários cria quase a obrigação de arcar com as taxas de transporte.

Visões diferentes

Mas, entre as empresas, a visão é um pouco diferente. Elisângela Assis Campos, proprietária da Lili Vitrine, chega a gastar de 35% a 45% do faturamento com logística, dependendo da região. Ela, que despacha itens importados para todo o Brasil, está buscando alternativas para poupar a clientela, mas diz que, em alguns casos, arcar com o custo tornaria o negócio praticamente inviável. 

“Já tive uma cliente, de Manaus, que precisou pagar R$ 75 pelo frete, por um produto que custava R$ 110. Era impossível para mim arcar com esse custo, mas ela queria muito o produto e, por isso, optou por pagar”, conta. 

Para tentar driblar o aumento, que deixará os valores ainda mais salgados, ela criou alternativas. “A cada R$ 300 em compras, o frete é grátis. Para quem mora na Grande BH, dou a opção de enviar um motoboy, que pode sair mais em conta”, explica Elisângela Assis, que também busca negociar com fornecedores para tentar baixar os custos do produto final. 

Alfredo Soares, especialista em comércio eletrônico, sugere que os lojistas busquem encontrar outras formas de envio, para não ficarem reféns dos valores impostos pelos Correios. 

“Hoje, há startups que inovam neste sentido, que criam pontos de retirada em lojas, lavanderias, mercados. Temos aplicativos que facilitam o transporte dentro da cidade. O mercado precisa se reinventar”, afirma. Ele também acredita que a busca por opções fomenta o surgimento de mais transportadoras. Além disso, a segmentação pode ser viável para facilitar a logística. 

“Em vez de entregar no Brasil todo, talvez seja melhor atender apenas em determinadas regiões, para conseguir criar processos de logística mais fortes e inteligentes, com mais agilidade e frete mais barato”, diz. 

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