Comprar ou Locar? Os Benefícios da Locação em Momentos Difíceis*

Publicado em
08 de Setembro de 2016
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O ano de 2015 e o primeiro semestre de 2016 representaram um período de desafios quanto à administração de operações e logística. Do ponto de vista da construção de marcas, apenas as mais fortes se consolidaram diante de um cenário de incertezas políticas e dificuldades econômicas, o que levou empresários a reduzir investimentos, aguardando o melhor momento para retomá-los. Com a situação, a produção industrial teve projeção de retração em 5,8% e o PIB de 3,5% (RTI-Banco Central, 2016). Sendo o custo logístico responsável por 11,5% do PIB brasileiro (ILOS, 2016), a ausência de novos projetos e infraestrutura no setor incrementaram a sensação de retração econômica.

Com a situação atual, a reação natural dos investidores é cautela. E ela é necessária, porém não deve levar os grandes tomadores de decisão a um efeito dominó em retração de ações positivas sobre o fortalecimento econômico futuro. Executivos, gestores e especialistas aprendem nas universidades e nos livros, relembram e estudam casos que reafirmam: a chave para a sobrevivência de uma empresa é o investimento. E investir é muitas vezes confundido com despender. Eis um grande engano!

Compreendendo a natureza dos ciclos econômicos, sabemos que o futuro reserva ao Brasil a retomada do crescimento, que inclui atualmente uma demanda reprimida a impulsionar investimentos em infraestrutura e consequentemente logística em médio prazo, segundo avaliam analistas (Ricam Consultoria, 2016). Qualquer empresa que tenha como premissa eficiência e produtividade, trazendo em sua missão o bom atendimento, serviços de primeira qualidade e fidelização, deve se preparar quanto à capacidade produtiva, logística, disponibilidade de estoque, máquinas, tecnologia e especialização de seus profissionais para otimizar suas operações.

Em 2016, o mercado ainda tem se portado de forma conservadora quanto a aquisições de grande volume, o que gera oportunidades para o setor de locação. A locação é uma atividade financeira de baixo risco para a utilização de um bem, por não exigir a realização de aporte volumoso para a aquisição de uma propriedade ou equipamento. Uma oportunidade de negócio com a possibilidade de replanejamento – frente aos índices inflacionários, aumento do dólar, taxas de juros – enquanto as novas definições políticas e econômicas do Brasil retomem o crescimento. Além da revisão de acordos contratuais e melhor momento para investimentos de aquisição.

Inferir à locação a eficiência necessária para que o cliente nacional tenha redução de custos e melhoria da produtividade torna-se também um bom referencial. Em locações, é possível perceber um crescimento nas oportunidades e benefícios do negócio, tendo em vista o cenário limitado em aquisições a curto prazo, o que coloca em evidência alternativas para os negócios de bens de capital. Trata-se de grande diferencial, quando se realizam parcerias com marcas reconhecidas pela credibilidade, pós-vendas e flexibilidade de negociação, até mesmo para futuras aquisições de bens locados.

Disponibilidade deve também ser avaliada em parceiros de locações, pois de nada valerá obter um acordo para gerar segurança de investimento, se a propriedade ou o bem locado não estiver às mãos do locatário no momento necessário. E não apenas para o momento da contratação, mas também durante o período de contrato. Explico: uma empresa pode necessitar um equipamento e ser atendida com rapidez. Porém, se este equipamento falhar, qual o uptime garantido para que sua operação permaneça em atividade? Para esta garantia, é importante que as empresas locatárias atentem-se aos chamados “SLA” ou Service Level Agreements, que são acordos de atendimento durante o período de locação, com as garantias devidas no processo. Porém, a maior garantia será sempre a origem, referência e credibilidade do parceiro.

Nesta busca por produtividade, empresas visam otimizar suas rotas, armazéns, frotas de equipamentos, processos e custos. Sistemas e tecnologias de gestão de frotas, produtos que resistam mais tempo à operação e reduzam necessidade de gastos intermitentes podem ser importantes às empresas que procuram novas alternativas, também por meio da locação. Gerir a logística de uma operação através de softwares específicos, desenvolvidos para esta atividade, caminhões, empilhadeiras, máquinas e pessoas, utilizando-se de dados e monitoramento em tempo real, hoje disponíveis e de forma intuitiva, pode trazer mais resultados em otimização do que simplesmente reduzir as despesas cortando qualquer investimento em tecnologia de informação.

Ao optar pela locação, o cliente deve se deparar não apenas com a pequena parcela mensal, naturalmente vista como principal razão de início de um contrato de locação pelos menos avisados, mas principalmente, com os benefícios encontrados pelas empresas brasileiras, que podemos resumir em alguns tópicos. Utilizemos o exemplo da Crown Lift Trucks, indústria americana de empilhadeiras – para ela, o mercado de locação representa ao menos metade de seus negócios, dada a importância que se entende quanto a esta opção em épocas de baixo investimento nas indústrias e, consequentemente, na malha logística do país. Podemos entender as vantagens deste modelo de negócios no setor de maquinário logístico:

1. Prévia avaliação: a locação, contrariamente à aquisição primária dos equipamentos, possibilita uma avaliação prévia de operação, aplicação, modelos, resultados, condições, capacidades e produtividade antes que seja realizado investimento em sua aquisição.

2. Disponibilidade e uptime: a depender da operação e do contrato firmado, significa manter a operação produtiva (sem paradas) no máximo período possível. Essencial para fábricas e operações de grande valor agregado, quando minutos de parada podem gerar prejuízos de milhões. Em caso de o equipamento, por exemplo, ser de propriedade da empresa compradora, fica difícil exigir imediata substituição, pois a responsabilidade pela garantia de uptime é do proprietário.

3. Manutenção garantida: manutenção de itens, máquinas, equipamentos comprados é de responsabilidade integral da empresa compradora, inclusive quanto à aquisição dos serviços de manutenção e peças não inclusas na garantia. Já a manutenção na locação tem serviços garantidos pelo locador – neste caso, de preferência previstos em SLA (vide acima).
4. Renovação de frota: A frota de equipamentos normalmente tem sua renovação automática, ou seja, conforme periodicidade firmada em contrato, garantindo que equipamentos novos e produtivos estejam nas instalações.

5. Sazonalidade e flexibilidade: em períodos de produção / movimentação diferenciados, pode-se adaptar a quantidade de máquinas, equipamentos, modelos e acessórios, de acordo com a evolução do negócio e da operação, a depender sempre da negociação contratual, por isso, é importante prezar pelo que for celebrado entre as partes, analisar suas condições e flexibilidade para modificar itens que possam aliviar despesas no futuro.

6. Mitigação do Risco: eventual não-aplicabilidade, mal funcionamento, defeitos de fabricação, entre outros, são responsabilidade da empresa locadora. Na aquisição, é visto como responsabilidade integral da empresa compradora.

7. Gestão de Ativos: ao locar um item, máquina ou equipamento, investimento de tempo e despesas administrativas para gerenciá-lo contabilmente são reduzidos, uma vez que o mesmo não é considerado ativo da empresa. Ativos são depreciados, despesas com locação não. Obs.: muitas vezes o valor de depreciação de equipamentos comprados não é calculado pela empresa compradora, quando analisada compra x locação. Para ser 100% correto, é necessário adicioná-lo ao cálculo, o que muitas vezes levará o tomador de decisão a enxergar a locação como uma opção viável.

8. Juros de Financiamento: muitas vezes na compra são utilizados instrumentos de financiamento que, em um primeiro momento parecem vantajosos, mas quando analisados os juros totais previstos, o equipamento pode chegar a valor 3 vezes mais caro que o preço nominal.

9. Imposto de Renda: despesas com locação podem ser deduzidas do imposto de renda, para declarantes Lucro Real.

10. Crédito do PIS e COFINS: soma de valores em despesas de locação podem ser analisadas para inclusão como crédito em pagamento de PIS e COFINS que podem ser descontados, conforme art.3º da Lei 10.833/2003.

O mercado de locação ainda engatinha no Brasil, mas já é uma tendência muito realizada em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, há com frequência a utilização do leasing operacional, que possui algumas diferenças de nossa locação brasileira, porém muitas similaridades.

Preparar-se para a retomada econômica, compreender que investir muitas vezes não significará adquirir, mas estabelecer parcerias que gerem resultados, pode fazer a diferença em momentos de dificuldades para a realização de grandes aportes.

Operadores logísticos, atacadistas e indústrias de grande porte com foco em otimização logística e tecnologia, já veem a locação como grande aliada. Está na hora do Brasil conhecer melhor essa modalidade.

 

* Rafael Arroyo é Gerente de Administração e Marketing da Crown Equipment

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