Como é feito o transporte de uma carga (realmente) pesada

Publicado em
20 de Outubro de 2015
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Imagine uma carreta com 120 metros, 41 eixos, 286 pneus e Peso Bruto Total de 667 toneladas. A velocidade permitida? 10 km/h. Toda essa cautela faz parte da prevenção necessária do transporte de cargas indivisíveis (ou superdimensionadas), denominação que se aplica às cargas formadas por uma única peça ou por um conjunto de peças que não podem ser desmontadas. Geralmente, são reatores e transformadores utilizados em indústrias, mas há também casos de transportes de embarcações e até mesmo de trens.

Levar uma carga superdimensionada não é fácil, nem rápido. A configuração citada no início do texto foi a escolhida para o transporte de um reator industrial de Santos (SP) a São José dos Campos (SP), e levou cerca de 4 dias para percorrer uma distância de 166 quilômetros – um trajeto que em condições normais dura aproximadamente 2 horas e 30 minutos.

Quando o peso excede as 45 toneladas, a legislação de trânsito já determina uma série de regras para que o caminhão possa rodar. Na cidade de São Paulo, esse tipo de transporte só é permitido à noite, das 22h às 06h. A transportadora precisa obter da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a AET (Autorização Especial de Transporte), e dependendo do peso da carga, há outros requisitos para cumprir.

Se o Peso Bruto Total ultrapassar 80 toneladas e tiver altura e larguras superiores a 5 metros, a empresa terá que produzir um laudo técnico das “obras de artes” (pontes e viadutos) que estão no trajeto, avaliando se haverá ou não algum prejuízo decorrente da passagem da “super carga”.

Outro cuidado tomado pelas empresas quando a carga ultrapassa 5 metros de largura é o uso de escolta, com dois batedores e apoio da polícia. Implementos com mais de 35 metros de comprimento também precisam de escolta, como acontece no transporte de pás para os parques eólicos da Região Nordeste do Brasil.

No Brasil, há empresas especializadas em oferecer estes serviços de ponta a ponta, desde a preparação da documentação necessária até a entrega do produto em seu destino. Uma delas é a Irga, fundada em 1938 no município paulista de São José do Rio Pardo. Em seus 70 anos de existência, a companhia já realizou transportes de itens que contribuíram na construção de siderurgias, usinas nucleares, hidrelétricas, eólicas, termoelétricas, complexos petroquímicos, prospecção e refino de petróleo.

Para puxar as pesadíssimas cargas, a Irga possui em sua frota pesados como o Volvo FH nas potências de 380 a 520 cavalos. Mas há caminhões especiais e pouco vistos no Brasil que encaram qualquer desafio, como é o caso dos extrapesados norte-americanos Euclid (com motor de 500 cavalos) e Oshkosh (600 cavalos), e do canadense Pacific (marca famosa pela resistência de seus veículos com um engenho de 600 cavalos).

Há implementos especiais como as do tipo “lagartixa”, que são rebaixadas, com distância de 50 centímetros entre o eixo e o solo, o que as torna ideais para o transporte de cargas com altura elevada. Se a carga tiver altura de 5 metros, por exemplo, ela ficará com altura total de 5,5 metros, e poderá trafegar sob a maioria dos viadutos, que têm um vão livre de 5,70 metros. Porém, também é possível utilizar carretas simples para carga seca, dispensando a necessidade de licença especial, quando se transporta equipamentos como escavadeiras hidráulicas de 20 toneladas e tratores de esteiras, que geralmente não excedem o PBT de 45 toneladas.

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