COMO DEVE O EMBARCADOR PROCEDER NA CONTRATAÇÃO DE TRANSPORTES DE CARGAS INDIVISÍVEIS

Publicado em
18 de Junho de 2025
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1️⃣ ASSUMIR QUE PRECISA TER COMPETÊNCIA TÉCNICA PRÓPRIA

O maior erro do embarcador é "terceirizar completamente" a análise para o transportador.

Solução:

> Ter um responsável técnico interno (próprio ou consultor fixo) que conheça legislação, veículos e AET.

> Participar de cursos e treinamentos específicos 


2️⃣ CRIAR UMA ROTINA PADRÃO DE VERIFICAÇÃO TÉCNICA DE PROPOSTAS DE FRETE

Exigências mínimas em cada proposta recebida:

Item Descrição
Memorial descritivo da carga Peso total, dimensões, centro de gravidade
Desenho técnico do conjunto transportador proposto Com distâncias entre eixos, eixos ativos e passivos
Identificação clara dos veículos e implementos Carreta convencional, prancha carrega tudo, dolly, linha de eixos, viga/gôndola, etc.
Capacidade dos eixos (por fabricante) Diagramas de carga homologados
Cálculo de distribuição de peso por eixo Feito pelo próprio transportador e revisado internamente
CMT dos tratores CMT ≥ PBTC solicitado (e +30% se PBTC > 288t, por ex. no DER-SP)

3️⃣ DOMINAR ALGUNS CONCEITOS CHAVE (NÚCLEO DURO DA LEGISLAÇÃO)

Conceito Chave
Peso por eixo Não é só peso bruto; o gargalo técnico e legal está aqui
Distância entre eixos Define limites de carga permitida
Excesso longitudinal e lateral Define necessidades de escolta e restrições de percurso
AET (Autorização Especial de Trânsito) Ler e interpretar suas restrições, condições, prazos e exigências específicas
EVG e EVE Saber quando são obrigatórios (peso, ponte, viadutos, etc.)

4️⃣ LER E SABER INTERPRETAR A AET (ela entrega muita coisa que o embarcador costuma ignorar)

> Condicionantes de trânsito (velocidade máxima, horário, obras de arte específicas, trechos proibidos etc.)

> Exigência de acompanhamento técnico (engenheiro presente, LTA, monitoração de ponte etc.)

> Posição do veículo na faixa (centro de pista, borda de curva etc.)

Ler a AET não pode ser só do transportador — o embarcador deve conferir.
Hoje, a maioria dos embarcadores nem recebe cópia da AET.



5️⃣ CRIAR UMA ROTINA DE AUDITORIA PRÉVIA A CADA EMBARQUE

Antes da carga sair:

> Validar que o veículo enviado corresponde ao autorizado na AET (modelo, placa, configuração).

> Validar que a AET emitida contempla o peso e dimensões da carga de fato transportada.

> Conferir que o percurso autorizado corresponde ao combinado.

> Validar que as escoltas estão presentes e credenciadas.



6️⃣ CONTRATAR AUDITORIA EXTERNA PARA CASOS COMPLEXOS

Quando se trata de cargas superpesadas, rotas com ponte em situação crítica, longas distâncias e diversas concessionárias envolvidas, vale contratar auditorias independentes, mesmo pontuais.



Resumo final (mentalidade correta do embarcador maduro):

“O transporte de cargas indivisíveis é atividade técnica regulada, não apenas uma simples prestação de serviço de frete. Portanto, eu embarcador, tenho que ter minha própria capacidade de análise e controle técnico, exatamente como tenho em áreas como engenharia de produção ou segurança do trabalho.”


 

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