Devido a suas dimensões, equipamento gera mais energia e demanda menos gastos com manutenção, mas requer adaptação da cadeia produtiva
Ter energia limpa, eficiente – e a um custo cada vez mais acessível. Essa é a meta. E no caminho para concretizá-la, a GE deu um grande passo. “Grande” não é força de expressão: a empresa desenvolveu a maior turbina eólica do mercado, a 4.8-158. Com ela, a empresa traz a seus clientes a chance de reduzir os custos envolvidos na geração de energia eólica (obtida por meio da ação do vento).
Trata-se de uma novidade particularmente relevante para o mercado brasileiro, por dois motivos. Em primeiro lugar, porque temos uma produção consolidada e um cenário promissor nessa área. O Brasil já conta com mais de 13 GW de capacidade instalada de energia eólica, em mais de 520 parques, segundo dados da ABEEólica (Associação Brasileia de Energia Eólica). Em média, 7,4% da energia injetada no Sistema Interligado Nacional em 2017 veio dessa fonte – proporção que chegou a 10% entre agosto e setembro, no período conhecido como “safra dos ventos”. Em segundo lugar, porque essa nova turbina não será apenas importada – ela será produzida aqui.
A turbina tem 200 metros de altura (mais de 5 vezes a altura do Cristo Redentor), e seu rotor possui 158 metros (o dobro da envergadura de um Airbus A380). O desenvolvimento de um equipamento tão grande demandou uma série de inovações. Uma delas é a pá, feita com fibra de carbono, material que torna essa estrutura mais leve e mais eficiente, comenta Vitor Matsuo, líder de produto da GE Renewable Energy para América Latina. “O torque que ela tem de suportar precisa crescer de forma exponencial para rodar e gerar energia. Então, os componentes tendem a crescer. Foi preciso trazer tecnologias novas para conseguir aumentar a carga que ela suporta mantendo as funções da turbina de hoje e, com isso, conservando o tamanho dentro de dimensões.”
O projeto buscava atender uma demanda dos clientes por soluções que permitissem maximizar a geração de energia nos parques. “A turbina maior minimiza o custo”, explica Vitor Matsuo. “Com ela, você consegue diminuir a quantidade de máquinas dentro dos parques, tem menos operações de manutenção, diminui o custo do ciclo de vida que os clientes têm.” Na prática, a 4.8-158 permite uma produção de energia capaz de abastecer 7.500 residências no Brasil
“Há uma tendência geral para evoluir para máquinas maiores, em outros mercados”, compara Rosana Santos, diretora de co-desenvolvimento de projetos e estratégias de mercado da GE Renewable Energy para América Latina.. “A GE já estava trabalhando nessa evolução. A gente está trazendo essa turbina com o intuito de manter nossa sustentabilidade no mercado.”
Naturalmente, a novidade também traz novos desafios. Devido ao tamanho da turbina, é necessário fazer com que toda a cadeia se adapte – a instalação do novo modelo, por exemplo, demanda gruas maiores. “É uma questão importante, temos que ir resolvendo passo a passo com nossos fornecedores”, comenta Rosana.
A situação também se mostra complexa quando se considera a competição no setor. Como o Brasil tem uma política forte de nacionalização de conteúdo local, a GE vai fabricar essas máquinas aqui, diz Rosana. “Fazendo isso, criamos empregos. E são empregos que exigem capacitação, o que estimula a qualificação das pessoas e da região. Um emprego desses reflete na família toda.” Para ter ideia do cenário como um todo, basta lembrar que, segundo estudo divulgado recentemente pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), a geração de energia eólica tem potencial para criar cerca de 200 mil empregos no Brasil até 2026. “Além disso, esses projetos são majoritariamente com capital brasileiro, com dinheiro dos impostos. Então nada mais justo do que gerar dividendos para a sociedade brasileira”, prossegue a executiva.
Além da necessidade de adaptação da indústria como um todo e de um ambiente de competição adequado, Rosana destaca um terceiro fator importante para o sucesso de uma iniciativa como essa: a vontade do país de comprar energia eólica. “É fundamental que ela não seja preterida por outras fontes energéticas, se não for por uma questão de competitividade.”