Segundo a CNC, o efeito do novo valor do frete deverá ser um achatamento da margem de lucro dos negócios, o que pode frear investimentos e limitação da contratação de pessoal. Considerando que até este mês a atividade econômica vem apresentando fraco desempenho, os comerciantes não terão como repassar na totalidade a elevação do custo com transportes aos preços de venda, sob o risco de afugentar ainda mais os clientes já que, segundo o indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também elaborado pela CNC, a propensão às compras está em declínio no estado após a greve dos caminhoneiros.
A recuperação do consumo iniciada em janeiro atingiu 111,2 pontos em março, mas de lá para cá o indicador apresenta viés de queda e ficou em 103,3 pontos neste mês. Os gastos com serviços de frete representam 10,5% das despesas anuais do comércio, cabendo destacar que em alguns ramos a logística chega a 20% dos custos totais. As atividades mais penalizadas serão as atacadistas de matérias-primas, de combustíveis e de alimentos. Mas há setores em que o frete já custa mais do que o próprio produto.
A nova tabela com os valores mínimos do frete no território nacional corrige a primeira versão editada em 30 de maio, para atender uma das exigências dos caminhoneiros. Os cálculos da CNC e da Fecomércio PR consideram apenas a última elevação na tabela do frete e não preveem novos aumentos até o fim de 2018. A atividade econômica do comércio representa a última etapa da cadeia produtiva, fazendo com que o custo seja cumulativo, ou seja, a mercadoria chega com preço mais elevado, em decorrência das etapas anteriores.
A CNC estima que as despesas com frete somaram R$ 50,7 bilhões em 2017, considerando todas as empresas comerciais brasileiras, sendo R$ 35 bilhões no comércio atacadista, R$ 13,6 bilhões no varejista e R$ 2,2 bilhões no automotivo. Mesmo que nenhum outro reajuste seja autorizado na tabela em 2018, o impacto dos gastos adicionais com fretes corresponderá a um acréscimo final de 0,6% nas despesas totais do comércio em 2018.