Com o pé no acelerador

Publicado em
28 de Outubro de 2013
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A safra agrícola recorde, o aumento das exportações, as compras governamentais e os programas de infraestrutura são alguns dos fatores que impulsionaram o crescimento da produção de veículos pesados (caminhões e ônibus) no Brasil este ano. A expectativa é de um aumento de 8% nas vendas de caminhões em 2013, de 115 mil para 150 mil veículos, de acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. “Pela primeira vez temos todos os produtos, sem defasagem tecnológica, com 11 marcas no mercado que é o mais competitivo do mundo”, afirmou Moan.


Segundo ele, o interesse pelo Brasil é crescente. Moan citou duas novas fábricas de caminhões que se instalaram no País. A marcha holandesa de caminhões DAF acaba de anunciar a produção de seu primeiro veículo (um caminhão extrapesado) na fábrica construída em Ponta Grossa, no Paraná. É a primeira unidade da DAF na América do Sul. E a Internacional, marca de veículos comerciais do grupo norte americano Navistar, ressurge com a inauguração de sua própria linha de montagem em Canoas (RS). Segundo Moan, existem mais três ou quatro empresas interessadas em entrar no Brasil.

Enquanto isso, quem já está instalado por aqui aproveita para mostrar suas novidades e seus lançamentos na 19ª Fenatran (Salão Internacional do Transporte), maior evento sul-americano do setor de transporte rodoviário de cargas, com 376 expositores de 15 países.

A expectativa dos organizadores do salão, que ocorre entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro, é de receber 60 mil visitantes. Entre os expositores estarão empresas de setores como implementos rodoviários, autopeças, motores, pneus, terminais e movimentação de cargas,equipamentos de informática e segurança. Além deles, todos os grandes fabricantes de veículos pesados devem comparecer à Fenatran, evento bienal que ocorre em um ano especialmente auspicioso para o segmento.

Após queda de 19,5% nas vendas de caminhões por causa da mudança na motorização dos veículos novos para o padrão das emissões Euro 5, menos poluente, em 2012, o setor comemora a prorrogação do Programa de Sustentação de Investimento (PSI) para 2014, anunciada este mês pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O PSI é uma linha do BNDES destinada a financiar a aquisição de bens de capital, investimento e tecnologia. “Foi o PSI que garantiu a recuperação das vendas do setor de implementos, que cresceu 10% de janeiro a setembro deste ano em relação a 2012”, afirma Alcides Braga, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir).

De acordo com ele, o PSI trouxe previsibilidade para o setor, já que as taxas de juros mais baixas que as do mercado, estão definidas. Braga citou o exemplo de um empresário que comprou 30 caminhões em agosto do ano passado a uma taxa de juros de 8% ano e que viu, no mês seguinte, a taxa cair para 2,5% ao ano, com a entrada em vigor do PSI.

“Ele vai passar cinco anos de pânalti de competitividade em relação aos concorrentes”, diz Braga. Flavio Benatti, da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), que representa as empresas de transporte de carga rodoviária e logística, também fala sobre a necessidade de regras claras.

“O setor precisa se planejar. Cerca de 65% de tudo que se movimenta no Brasil é via modal de carga”, afirma ele. “A verdade é que o transporte rodoviário vem, ao longo dos anos, suprindo toda a deficiência de infraestrutura em ferrovias e hidrovias no País e leva a fama de vilão”.

O mercado interno de ônibus também avançou no acumulado do ano em 2013, chegando a uma alta de 10,1%, com mais de 24 mil unidades até setembro. Depois de amargar uma queda de 16% nas vendas em 2012, o setor está aquecido especialmente pelas compras do governo para projetos como o Caminho da Escola, que prevê a renovação e a ampliação da frota escolar da rede pública. A renovação de frota de caminhões, aliás, é um dos temas mais debatidos pelo setor. De acordo com Moan, é preciso haver um programa nacional de renovação de frota, como ocorre em São Paulo e agora em Minas Gerais. Segundo ele, algo em torno de 30% da frota de caminhões de Minas Gerais tem mais de 30 anos de uso. Na Europa e nos Estados Unidos, a idade média de um caminhão é de nove anos.

Quanto aos veículos novos que saíram da fábrica este ano, cerca de 47% eram do segmento de extrapesados, que atende ao setor de agronegócio, segundo Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, que produz os caminhões e ônibus da Volkswagen e é a maior empresa do setor, com 27% de mercado. “Estamos lançando na Fenatran um caminhão extrapesado da linha Constelation, com 420 cavalos”, conta Cortes, que está animado com as perspectivas para 2014. “Acredito que o setor irá crescer entre 5% e 7%”, afirma.

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