Com frete alto, comércio eletrônico perde vendas

Publicado em
03 de Abril de 2018
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Empresas do e-commerce estão passando por dificuldades depois que os Correios fizeram o reajuste de preços dos serviços de encomendas, no dia 6 de março. Segundo o Mercado Livre, que lançou uma campanha contra o aumento, o reajuste médio foi de 29% e chegou a 51% em alguns casos. Uma tabela divulgada no site do marketplace mostrou que um envio de produto de até 500 gramas por PAC de Londrina a Boa Vista (RR) chegou a ter um aumento de 50,89%, passando de R$ 54,02 para R$ 81,51. 

A assessoria de imprensa dos Correios informou apenas que as tarifas dos serviços de encomendas sofreram um reajuste médio de 8% para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, "que representam a grande maioria das postagens realizadas nos Correios". Mas segundo Maurício Salvador, presidente da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), o aumento dos preços teve impacto significativo principalmente fora dos centros urbanos. "O reajuste foi bem acima do que estava sendo praticado, principalmente para algumas regiões fora dos centros urbanos." 

Sem condições de absorver o aumento, as empresas do setor estão repassando o custo do frete ao consumidor, diz Salvador. "Isso é ruim, porque cai a conversão (de vendas)." Os mais prejudicados pelo reajuste são os micro e pequenos empresários, que dependem mais dos Correios. Os médios e grandes costumam usar transporte privado. 

O empreendedor de Londrina, Marcelo Sardeto, proprietário do Dr. Papel, que vende papéis especiais pela internet, teve queda de 70% nas vendas após o reajuste. Ele conta que há casos em que o valor do frete excedeu o valor do produto. "Praticamente inviabiliza a compra", diz. Há 12 anos no mercado, José Ricardo Nogueira, do e-commerce de miniaturas OrangeBox, também de Londrina, afirma que nunca viu o frete subir tanto, e isso refletiu na perda de clientes. "O pessoal acaba parando de comprar", queixa-se. 

Por causa do aumento dos preços e da insatisfação com o serviço, a londrinense Lazer Shop resolveu há dois anos fazer os envios via transportadora, mesmo que os custos não sejam mais baixos, conta o sócio Lucas Weber. Hoje, apenas 30% das mercadorias são entregues pelos Correios. "Ficou inviável. Quem é mais estruturado hoje acaba migrando para o transporte." 

"ABUSO" 
Para Maurício Salvador, da ABComm, houve um "abuso" no reajuste. "Tanto é que a Associação entrou com um pedido de liminar para que isso seja revisto", continua. Segundo ele, o pedido de liminar está para ser julgado e a entidade deve ter uma resposta nos próximos dias. 

Por meio da assessoria de imprensa, os Correios afirmaram que se trata de uma "revisão anual, prevista em contrato". A empresa disse valorizar a parceria com o e-commerce e citou a oferta de pacotes com reduções de preços para os marketplaces brasileiros. Também disse manter uma Política Comercial com estratégia de precificação que segue a lógica do mercado e busca "o menor impacto possível nas praças mais relevantes para o e-commerce brasileiro", mesmo com o aumento dos custos. 

Porém, lembrou que os Correios concorrem com empresas privadas em seu segmento. "Nesse sentido, o cálculo do reajuste é baseado na variação dos custos, em tendências do mercado e na evolução do cenário comercial de livre concorrência. São considerados, por exemplo, custos com transporte, pagamento de pessoal, aluguel de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros."

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