Colheita de soja em fevereiro faz frete subir em até 50%

Publicado em
14 de Março de 2014
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Custo para escoar soja aumenta pela falta de caminhões e más condições das estradas

Brasil Econômico

Os 2,8 milhões de toneladas de soja colhidos em fevereiro, números recordes para o período, anteciparam a valorização do preço do frete do grão, que já se encontrava em patamares elevados. Consultorias especializadas apontam para altas que vão de 25% a 50%, dependendo da região produtora. No Mato Grosso, a situação é mais complicada. Por conta do excesso de chuvas, o frete, além de caro, chega com atrasos ou é insuficiente. Segundo os produtores, são longas as filas de espera para a venda às empresas e o escoamento até os portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e até Rio Grande (RS).

divulgação/cnt
Altas no preço do frete da soja vão de 25% a 50%

“Está absurdamente caro, fora do normal. Além da valorização por causa da temporada de colheita, o excesso de chuvas consecutivas aumentou o preço. Os produtores estão com dificuldade de colher e escoar”, diz o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja MT), Luiz Nery Ribas.

“Há filas para levar a soja até os caminhões e fazer a entrega dos produtores até os compradores. As estradas, que já não são boas, estão piores. Quanto ao escoamento, estamos recorrendo até o porto do Rio Grande, que costuma ser uma alternativa”, afirma Ribas. Segundo levantamento da Informa Economics FNP, o preço do frete de Cascavél (PR) até o Porto de Paranaguá teve uma valorização de 50%, chegando a custar, em fevereiro, R$ 93 por tonelada. Já no Mato Grosso, mesmo com as chuvas, o aumento ficou em torno de 25% a 30%. De Rondonópolis (MT) até Santos, principal zona portuária de recepção da soja, o gasto médio é de R$ 250 a R$ 270 por tonelada.

“A demanda por caminhões é elevada, frente à pequena oferta. As três principais transportadoras estão com dificuldades de atender a todos. Além da precificação alta do frete pelo efeito sazonal, as dificuldades das estradas e o aumento do custo com a mão de obra, por conta da lei do motorista, pesam na formação do preço final”, analisa Aedson Pereira, analista da Informa Economics FNP. 

Já segundo a Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso (ATC), o frete está mais caro por conta do aumento nos dias de viagem, consequência das péssimas condições das estradas. O trajeto de Sorriso (MT) a Santos que, em condições normais, demora de três a quatro dias, está levando sete dias. “Falta infraestrutura. As BRs 364 e 163 estão operando acima das suas capacidades. Escoam 30% dos grãos em pista simples. São longos os congestionamentos e muitos os acidentes”, denuncia Miguel Antônio Mendes, diretor executivo da Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso (ATC).

Com melhores condições de vias, o Mato Grosso do Sul parece ser a exceção. Caminhando para a reta final da colheita da soja, restando apenas 10,7% da área dedicada ao cultivo para ser colhido, o estado não registrou fortes pressões no preço do frete, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul).

“Os valores estão compatíveis com os aplicados no mesmo período do ano passado, em torno de R$ 130”, afirma Lucas Galvan, assessor técnico de agricultura do Sistema Famasul. Segundo Galvan, o único problema enfrentado pelos produtores se relaciona à longa espera para o descarregamento dos caminhos nos portos de Paranaguá, que concentra 60% da demanda do estado, Santos (20%) e São Francisco (20%).

Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmou a redução em 4,5 milhões de toneladas na safra de soja para o ano — estimativa bem próxima dos 5 milhões apontados por analistas de mercado. Assim, a produção do cultivo, que antes estava estimada em 90 milhões de toneladas, deve chegar a 85,4 milhões de toneladas. Já a produção brasileira de grãos deve totalizar 188,7 milhões de toneladas.

Sobre a soja, há quem acredite que as previsões possam ser melhores. “São esperadas chuvas em março e abril e elas podem ajudar nas lavouras do Nordeste do país e do Rio Grande do Sul, elevando, assim, a produção da safra para 86 milhões de toneladas”, aposta Daniele Siqueira, analista de mercado da Ag Rural.

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