A Pesquisa CNT de Rodovias 2019 foi apresentada na manhã da última quarta-feira (23/10) no Senado Federal, durante reunião da Comissão de Infraestrutura. Neste ano, o estudo da Confederação mostrou piora na qualidade das rodovias avaliadas (59% com problemas) e apontou a necessidade de ampliação dos investimentos. Somente para obras de reconstrução e restauração, são necessários R$ 38,60 bilhões. Outros R$ 15,83 bilhões precisam ser destinados para a manutenção.
Alguns senadores presentes se comprometeram em unir esforços para pleitear a ampliação dos recursos para as rodovias brasileiras. A reunião foi presidida pelo senador Wellington Fagundes. “Queremos apoiar o Ministério da Infraestrutura, para que possa haver mais recursos para as rodovias. Sabemos que a qualidade da infraestrutura de transporte é fundamental para o país.”
Representando a CNT, participaram o diretor-executivo, Bruno Batista; o diretor de relações institucionais, Valter de Souza; e o coordenador de estatística e pesquisa, Jefferson Cristiano. Bruno Batista explicou que, além dos recursos serem insuficientes, grande parte do que está autorizado não é aplicada.
O diretor destacou também que os gastos com acidentes acabam sendo maiores do que o que se investe nas rodovias. O prejuízo em 2018, somente com as ocorrências na malha federal policiada, foi de R$ 9,73 bilhões.
Na avaliação do senador Eduardo Gomes, “a pesquisa da CNT tem o papel propositivo para preparar o governo para enfrentar esse problema da falta de qualidade das rodovias”. Segundo ele, o ambiente atual é favorável para a apresentação dos dados da CNT, numa tentativa de buscar soluções conjuntas entre o setor privado, o Legislativo e o Executivo.
O senador Jaime Campos ressaltou que o que mais chamou a atenção durante a apresentação da CNT foi a questão orçamentária. “Como vamos fazer para melhorar nossa malha se os recursos são insuficientes?” De acordo com o senador Wellington Fagundes, ainda há tempo de mobilizar o Congresso para tentar aumentar o orçamento voltado para infraestrutura rodoviária. “Vamos trabalhar o orçamento do ano que vem, com todo esse trabalho de emendas. Estamos conversando com as bancadas.” O senador Marcelo Castro também ressaltou a urgência de se priorizar o planejamento e a gestão, principalmente diante dos recursos insuficientes.
A pesquisa da CNT, que neste ano chegou à 23ª edição, foi elogiada no Senado Federal, tanto pelos parlamentares quanto por representantes do governo. Segundo o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), general Antônio dos Santos Filho, “os dados da CNT estão muito próximos da avaliação periódica feita pelo Dnit”.
Ele parabenizou o trabalho e ressaltou a importância de investir na gestão, “assim como o Dnit tem feito”, principalmente pelo baixo orçamento público. O superintendente de exploração de infraestrutura rodoviária da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Marcelo Alcides, afirmou que a “Pesquisa CNT de Rodovias direciona o trabalho de fiscalização”.
E o secretário nacional de transportes terrestres, Marcello Costa, do Ministério da Infraestrutura, também abriu sua fala no Congresso Nacional dizendo que “enaltece a relevância e a qualidade do estudo da CNT”. Segundo ele, a Pesquisa CNT de Rodovias sempre foi e sempre será balizadora do planejamento de políticas públicas.
O secretário afirmou que algumas soluções trabalhadas pelo governo federal para otimizar o baixo orçamento são investir no planejamento integrado e melhorar a qualidade da aplicação dos recursos disponíveis. Ele citou, por exemplo, a importância da manutenção das rodovias ser feita no tempo certo. “Manutenção é momento. Tem que ser feita no tempo correto para não cair no extremo, que é a emergência, e se tornar mais cara”.