CNI reduz projeção de alta do PIB para 2,1%

Publicado em
12 de Julho de 2012
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A indústria se alinhou ao mercado financeiro e prevê agora que a economia brasileira crescerá menos este ano do que em 2011. A expectativa é de que a expansão será de 2,1%, calcada ainda no consumo das famílias, que por sua vez se sustenta na resistência do mercado de trabalho. Antes, a CNI previa alta de 3%

A revisão para baixo só não foi maior porque a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já embutiu em sua análise uma leve recuperação da atividade causada pelos efeitos da alta do dólar.

Para o próprio setor, a entidade também mostrou menos otimismo. Espera que o avanço seja de 1,6%, o mesmo nível de 2011. Por trás dessa perda de ânimo está a projeção de que os investimentos crescerão menos, apenas 2,5% ante previsão de expansão de 5,6% feita em março.

A atuação do governo para estimular a economia doméstica, apesar de correta, tem apresentado pouco resultado prático, na avaliação do gerente de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "A reação da política econômica foi a de reativar o consumo, mas a estratégia está tendo resultados mais limitados agora, com o comprometimento maior da renda", avaliou. Mesmo assim, ele não tem dúvidas de que o governo continuará sua política fiscal expansionista.

O economista ressaltou que o investimento não decola porque os empresários não conseguem enxergar um cenário de maior atividade. Ao mesmo tempo, a produção não avança por falta de investimentos. "É preciso um choque externo que gere mudança de expectativas."

Ainda que não se saiba quais são os impactos reais da redução dos custos com a desoneração da folha de pagamento, que vai beneficiar alguns setores da indústria, a CNI apontou que este pode ser um gatilho ao lado dos efeitos do novo patamar da taxa de câmbio e a existência de outras medidas adicionais que alavanquem investimentos, principalmente em infraestrutura. "Estes podem ser o fator externo que permite destravar o ciclo ’não investe porque não cresce e não cresce porque não investe’. É preciso esse fator para romper essa armadilha", argumentou.

O que se vê até agora é que a tão sonhada combinação de juros e câmbio em baixa pelos empresários não trouxe os resultados esperados pelo setor. "O ambiente macroeconômico melhorou, sem dúvida, com o câmbio mais favorável e a taxa de juros em queda, mas há recessão na zona do euro, temos um crescimento americano mais moderado e os próprios emergentes estão em desaceleração", citou.

Para a CNI, a cotação média do dólar em dezembro será de R$ 2,00 e a Selic encerrará 2012 em 7,5% ao ano.


Por CÉLIA FROUFE/BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

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