A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se manifestou contrária ao tabelamento do frete rodoviário, durante audiência pública realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em Brasília. O especialista da CNI Alberto Mendes defendeu a redução dos intermediários como forma de diminuir os custos tanto dos caminhoneiros quanto dos produtores industriais.
“Temos que aproximar essas duas pontas para possibilitar o ganho do caminhoneiro autônomo e reduzir o custo do embarcador. Ou resolvemos juntos esse problema ou vamos nos afogar juntos”, enfatizou o especialista da CNI.
Estudo da CNI revela que o tabelamento do frete elevou a inflação em 0,34 ponto e reduziu o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018 em R$ 7 bilhões. A menor expansão da economia em razão da política de preços mínimos prejudicou, ainda, a recuperação do mercado de trabalho. Ao todo, 203 mil postos de trabalho deixaram de ser criados.
Aumento dos custos
O gerente-executivo de Relacionamento com o Poder Executivo da CNI, Pablo Cesário, observa que, desde a criação do tabelamento do frete, as empresas transportadoras tiveram aumento de receita de 28%, enquanto os caminhoneiros autônomos foram impactados com redução de demanda por serviços na casa dos 20%. Ele lembrou ainda que há inúmeros casos da verticalização por empresas que optaram por montar frota própria de caminhões para reduzir os custos de transporte de cargas
“As empresas estão pagando mais pelo transporte e os autônomos estão transportando menos. Além dos caminhoneiros e da indústria/agronegócio, o grande prejudicado com o tabelamento é o consumidor, que paga o preço do aumento dos custos do transporte de carga”, afirma.
“Não é a tabela que vai resolver o problema. O caminho natural será a retomada da atividade econômica, que fará com que a indústria demande mais transporte e o preço do frete naturalmente suba. Mas enquanto isso não acontece há medidas a serem tomadas. A principal delas é a desintermediação dos transportes”, acrescenta o gerente da CNI.
Segundo Pablo Cesário, um caminho para o fim do impasse e para a eliminação do tabelamento do frete seria construir, junto ao governo federal, uma maneira de incentivar e proporcionar condições para os autônomos virarem microempreendedores individuais (MEI). “Assim, seria possível reduzir os intermediários, que, em muitas situações, ficam com uma fatia maior dos recursos que os caminhoneiros. Essa mudança aumentaria a receita dos autônomos, reduziria os custos das empresas e resultaria em melhores preços para o consumidor”, diz.
Para João Batista Dominici, presidente da Logispesa - Associação Brasileira de Logística Pesada, não basta apenas reduzir os intermediários próprios e típicos do negócio de transportes, é preciso reduzir/eliminar os intermediários criados pelo próprio governo, em especial pela ANTT, que exploram negócios como Autorizações Especiais de Trânsito (algumas totalmente desnecessárias), Vale Pedágio, CIOT, RNTRC, SEM PARAR, entre tantos outros que transferem renda do transportador e aumentam o custo do frete para os produtores e sociedade em geral.