Celebrando os bons resultados no campo, por João Cesar Rando*

Publicado em
07 de Novembro de 2013
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A agricultura brasileira se prepara para dar um novo salto em produtividade. Depois do crescimento registrado nos últimos 40 anos, quando o país se tornou o segundo maior exportador mundial de alimentos, o setor agrícola caminha para a Segunda Revolução Verde. No momento em que se espera um crescimento de 40% da produção brasileira até 2050 - segundo o relatório de Desenvolvimento Humano 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -, o Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas) se prepara para acompanhar essa evolução.

Em funcionamento há mais de dez anos, o Sistema - formado por agricultores, fabricantes e canais de distribuição, com apoio do poder público - se tornou referência mundial em gestão de resíduos na agricultura ao destinar de forma ambientalmente correta 94% das embalagens plásticas primárias comercializadas. O Brasil, atualmente, é líder mundial na destinação desse tipo de material, seguido de países como Alemanha, Canadá, Japão, França, Espanha e Estados Unidos. Até outubro deste ano, o Sistema atingiu uma importante marca: foram destinadas mais de 270 mil toneladas de embalagens, desde sua criação, em 2002.

Gerenciado pelo inpEV - Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, que representa a indústria fabricante de defensivos agrícolas na destinação desse material, o Sistema Campo Limpo tem obtido resultados positivos crescentes em função de sua busca constante pela excelência na gestão operacional, por meio do investimento na melhoria contínua de seus processos.

Programa destina de forma ambientalmente correta 94% das embalagens plásticas usadas na agricultura

O foco em inovação também atinge as iniciativas voltadas para a educação e conscientização das comunidades envolvidas, aumentando o engajamento de todos os elos da cadeia. O ponto alto dessas ações de conscientização ambiental é a comemoração do Dia Nacional do Campo Limpo, em 18 de agosto, quando os resultados positivos são compartilhados com a população. Este ano aconteceu a 9ª edição do evento, que mobilizou mais de 100 unidades de recebimento em 23 Estados brasileiros, reunindo os envolvidos no Sistema e a comunidade do entorno das centrais de recebimento de embalagens vazias. Desde sua primeira edição, cerca de 700 mil pessoas participaram dessa comemoração em todo o país.

A logística reversa das embalagens pós-consumo de agrotóxicos existe no país desde o início das atividades do inpEV, em março de 2002. Para transportar as embalagens das unidades de recebimento até seu destino, uma responsabilidade da indústria, o inpEV utiliza o conceito de aproveitamento do frete de retorno. O mesmo caminhão que transporta os defensivos agrícolas até os distribuidores, cooperativas agrícolas e agricultores, em vez de voltar vazio para sua origem, segue até a unidade de recebimento mais próxima para retirar e levar ao destino final as embalagens vazias, a granel ou compactadas em fardos. Esse destino, reciclagem ou incineração, normalmente é próximo ao local de origem dos caminhões.

Para dar o destino correto às embalagens, o Sistema possui parceria com 14 recicladores e incineradores, localizados nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. As empresas recicladoras transformam as embalagens pós-consumo em 17 artefatos como barricas de papelão, tubos para esgoto, embalagens para óleo lubrificante, entre outros. Dentre os parceiros para a reciclagem está a Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A., fábrica localizada em Taubaté (SP), que tem como acionistas 30 fabricantes de defensivos agrícolas.

Com o objetivo de contribuir para a autossuficiência econômica do Sistema, a fábrica produz a Ecoplástica Triex®, a primeira embalagem para defensivos agrícolas feita a partir de resina plástica reciclada, que fecha o ciclo de vida da embalagem dentro do próprio setor.

Ao longo dos anos, o aumento da eficiência do Sistema Campo Limpo tem ampliado seus benefícios ambientais. O 5º estudo de socioecoeficiência, realizado pela Fundação Espaço Eco, indicou que, entre 2002 e 2012, o Sistema evitou a emissão de 343 mil toneladas de CO2 e (gás carbônico equivalente) - o equivalente às emissões ocasionadas pela extração de 786 mil barris de petróleo. O Sistema permitiu ainda que o país deixasse de gastar energia elétrica equivalente ao abastecimento de 137 mil casas durante um ano e evitou o consumo de um volume de água equivalente a 36 milhões de caixas de água.

Os bons resultados que o Sistema Campo Limpo acumula nascem do comprometimento de todos os elos da cadeia agrícola. A responsabilidade compartilhada entre esses elos quanto ao destino pós-consumo das embalagens foi estabelecida pela Lei 9.974/00, regulamentada pelo Decreto 4.074/02, que tornou obrigatória a prática de destinar corretamente as embalagens vazias de agrotóxicos.

A partir da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, o pioneirismo do modelo adotado pelo inpEV o levou a ser consultado e dar apoio a outros setores ligados à indústria de produtos fitossanitários ou voltados ao setor agrícola. O instituto participou ativamente das discussões para a elaboração da PNRS, onde se enxergam os princípios e conceitos praticados há mais de 11 anos pelo Sistema de destinação das embalagens de defensivos agrícolas, como responsabilidades compartilhadas, gestão integrada de resíduos sólidos e ecoeficiência.

Ao atingir o atual estágio de desenvolvimento, é motivo de orgulho para todos os envolvidos no Sistema ter a oportunidade de compartilhar experiências e soluções que garantam uma eficiente gestão dos resíduos sólidos. Sempre preocupado com a saúde das pessoas e o cuidado com o meio ambiente, o Sistema segue apontando caminhos para a construção de uma agricultura cada vez mais sustentável, que beneficie as futuras gerações.

João Cesar M. Rando é diretor-presidente do inpEV

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