CCR inicia desafio de R$ 5,5 bi na BR-163

Publicado em
19 de Março de 2014
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Enquanto se prepara para iniciar os investimentos de R$ 367 milhões referentes a 2014 em seu mais novo ativo, a concessão do trecho da BR-163 no Mato Grosso do Sul, o grupo de infraestrutura CCR considera que sofrerá impactos de uma possível mudança no sistema logístico de escoamento de grãos no país. Vários projetos privados, além de uma nova concessão rodoviária do governo, tendem a fazer com que boa parte da carga hoje escoada em direção ao Sul e ao Sudeste seja exportada pelo Norte do país- fazendo a rodovia da CCR "perder" tráfego.

"De fato, nossos estudos apontaram que há impacto razoável de outros projetos que visam exportar a produção agrícola pelo Norte do país. Mas o impacto na rodovia do Mato Grosso do Sul é bastante limitado", defendeu Marcus Macedo, gerente de relações com investidores da CCR, em teleconferência ontem com analistas.

Para a empresa, o plantio de soja e milho em áreas agrícolas mais ao norte do Mato Grosso é o mais beneficiado pelas novas opções logísticas da região via Norte. Já o plantio mais ao sul do Estado - abaixo da cidade de Lucas do Rio Verde - e também em Mato Grosso do Sul deve continuar sendo escoado pelo Sul e Sudeste, diz acreditar a companhia.

Segundo a CCR - empresa que tem os grupos Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez como seus principais acionistas -, o efeito do redirecionamento dos grãos rumo ao Norte já havia sido considerado na época da disputa por rodovias no fim do ano passado. Neste ano, o Planalto anunciou uma nova concessão na BR-163, que ligará Mato Grosso ao Pará, o que pode ser considerado um impulsionador de cargas rumo ao Norte.

Mauricio Soares Negrão, presidente da CCR MS Via, avalia em entrevista ao Valor que, mesmo que a nova concessão da BR-163 seja feita, ela ainda vai demorar para sair do papel por ser completamente despavimentada em vários trechos. O impacto causado pela concessão pode surgir apenas daqui a 10 anos, diz.

Enquanto as novas opções logísticas não ficam prontas, a CCR se prepara para começar os investimentos neste ano na BR-163. Entre os primeiros trabalhos, está a recuperação total da rodovia. Por exemplo, reparando buracos ao longo da estrada. "Estamos contratando as empresas que vão fazer os serviços iniciais. É uma série de exigências contratuais, como a recuperação rápido do empreendimento, sinalização, segurança metálica, cerca que delimita a faixa de domínio... Essa operação fica pronta de 6 a 9 meses após a assunção do contrato, em 11 de abril", diz.

A BR-163, assim como outras do pacote de Dilma, pode iniciar os 10% de duplicação da rodovia sem licença ambiental. Mesmo assim, precisa atender certos requisitos, e por isso depende de uma aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).


Só com os 10% prontos, a cobrança de pedágio é liberada. Isso está previsto para ocorrer em maio de 2015. Os 90% restantes demandam licenciamento ambiental, que agora é de responsabilidade do governo - por meio da Empresa de Planejamento e Logística (EPL). Caso o governo atrase na obtenção das licenças, os prazos das concessionárias começam a se flexibilizar e abrem caminho para pedidos de reequilíbrio de contrato. Mas Negrão está confiante no atendimento dos prazos. "Acredito que vai ficar mais rápido do que projetos do passado".

Ele também está otimista em relação ao risco de engenharia, considerado reduzido. Mas admite que terá trabalho intenso. "Não há complexidade de engenharia nesse caso. Mas pela quantidade, já que são 840 km de duplicação em cinco anos, é um senhor desafio. É uma quantidade muito grande para um período muito curto". Ao longo dos 30 anos de concessão, serão investidos R$ 5,5 bilhões. Até 70% serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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