Carteira de carros encolhe R$ 7,4 bi no ano

Publicado em
31 de Julho de 2014
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Em 12 meses, contratos ativos de financiamento de veículos recuam 4%

PEDRO KUTNEY, AB

A maior seletividade dos bancos na concessão de crédito para compra de veículos, aliada à alta dos juros e baixa confiança do consumidor para tomar empréstimos, fez a carteira de financiamentos de carros encolher R$ 7,4 bilhões nos últimos 12 meses terminados em junho, segundo levantamento mensal do Banco Central divulgado esta semana. No período, o estoque de contratos ativos baixou quase 4%, de R$ 193,9 bilhões em julho de 2013 para R$ 186,5 bilhões no fim do semestre passado, o menor nível dos últimos dois anos. Se for considerado valor médio de R$ 30 mil por contrato, isso representa redução de 233 mil unidades financiadas, entre automóveis novos e usados.

O declínio do estoque de crédito este ano para o setor significa que os valores quitados estão maiores do que os concedidos, fazendo a carteira cair. Isso acontece mesmo com volume de novas concessões ligeiramente maior no último semestre em comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a junho foram contratados R$ 44,4 bilhões em financiamentos de veículos no País, cifra 3,6% maior do que em idêntico intervalo de 2013.

Com a alta dos juros, a taxa média praticada também está subindo: era de 20,3% ao ano em julho de 2013, passou a 22,7% aa em janeiro e chegou a 23% em junho, em alta de 3,5 pontos porcentuais em 12 meses e de 1,7 pp no último semestre. No sentido inverso, os prazos médios estão caindo: eram de 40,2 meses no início deste ano e agora são de 38,9 meses. O crédito mais caro e curto, com prazo menor e prestação maior, tira proporção considerável de consumidores do mercado.

A maior seletividade e o volume menor de concessões fazem a inadimplência cair. Os atrasos de pagamentos maiores de 90 dias fecharam junho em 4,9% dos contratos ativos, ou R$ 9,1 bilhões, contra 5,2% no início de 2014, R$ 10 bilhões em atraso, e 5,9% 12 meses atrás, R$ 11,4 bilhões.

Embora a inadimplência dos financiamentos de veículos seja substancialmente mais baixa do que em outros setores, os atrasos nos pagamentos dessa modalidade de crédito são mais danosos aos bancos, pois os valores devidos na compra de veículos são maiores. Enquanto a inadimplência média chega a 9,2% nos contratos para a aquisição de outros bens, isso corresponde a um rombo de R$ 1,1 bilhão às financeiras, ou apenas um décimo do montante atrasado em junho nos empréstimos para compra de carros.

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