Carreta quebra, CET falha e São Paulo pára

Publicado em
11 de Julho de 2017
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Veículo de 91,5 m ficou parado por seis horas em uma das principais vias da cidade; congestionamento atingiu 111 km

Carreta quebra, CET falha e São Paulo pára
MARIANA VIVEIROS
RENATO ESSENFELDER 

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma carreta com 91,5 metros de comprimento, sete metros de largura e 560 toneladas de peso parou o trânsito na manhã de ontem na zona oeste de São Paulo.

Os reflexos foram sentidos em grande parte do centro expandido da capital paulista, que registrou o segundo maior congestionamento do ano no turno da manhã -111 quilômetros às 8h30.

Por causa de um defeito no controle dos eixos, o veículo ficou por seis horas parado no cruzamento das avenidas Rebouças e Brigadeiro Faria Lima, interditando uma passagem por onde trafegam diariamente 170 mil carros.

A demora da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) em montar um esquema de rotas alternativas para os motoristas contribuiu para o caos. A carreta quebrou às 3h30, mas a companhia, que tinha nove homens seguindo o veículo, só começou a bloquear ruas e criar desvios às 7h, quando o trânsito já era intenso. A programação dos semáforos não foi alterada, segundo a companhia.

A Folha apurou que a equipe de transportes especiais que acompanhava a carreta, ligada à Gerência de Engenharia de Tráfego 6 (GET 6), é tida como inexperiente na função porque foi alvo de três mudanças na sua composição desde a gestão do ex-prefeito Celso Pitta (PSL). Por isso os integrantes do grupo seriam "calouros" nesse tipo de tarefa.

Autorização
Para trafegar pelas ruas de São Paulo, cargas superdimensionadas (que têm mais de 19,5 m de comprimento e 4,5 m de altura) precisam de uma autorização especial da CET. A companhia determina a rota a ser seguida em conjunto com a transportadora e mobiliza ainda a Eletropaulo e empresas de TV paga num comboio que segue a carga e se certifica de que ela não deixará sequelas pela cidade. Só a CET recebe pela tarefa R$ 43 por homem-hora.

A companhia sustenta que não houve atraso na tomada de decisões depois do incidente e nega que a demora de três horas e meia para o início dos bloqueios tenha piorado o trânsito. Para especialistas, a CET não tem estrutura para agir com rapidez nesses casos (leia texto nesta página).
O defeito na carreta obrigou a companhia a fechar todos os acessos à ponte Eusébio Matoso, prejudicando o trânsito na marginal Pinheiros. Por causa do congestionamento, foi suspeso pela manhã o rodízio de automóveis na região das avenidas Rebouças e Henrique Schaumann.
A justificativa foi que muitos carros que passavam pela área antes das 7h ficaram presos no trânsito e continuaram nas ruas após o horário permitido. Para os motoristas que foram multados injustamente, a própria companhia sugere que recorram da multa.

A carreta, de propriedade da transportadora Transpesa Della Volpe, havia saído de Santos (Baixada), no dia 21 de fevereiro, e leva um transformador elétrico para a subestação Tijuco Preto, de Furnas, em Mogi das Cruzes (Grande SP). A previsão da empresa era de que a carreta voltasse a trafegar ontem às 23h30, para chegar ao seu destino no dia 5.

Negligência
A peça responsável pela paralisação da carreta chama-se mancal. Ela sustentava um dos 32 eixos do módulo de transporte, e sem ela o veículo não faz curvas.

Um dos três motoristas que dirigiam os caminhões de tração do comboio disse à Folha que o mancal pode ter quebrado por má conservação. Segundo ele, a peça estava desgastada.

O diretor da Transpesa, Luiz Augusto Martine, porém, nega que tenha havido negligência. Segundo ele, o mancal é utilizado há 17 anos no módulo e essa foi a primeira vez que apresentou falha.

Depois de localizado o problema, o conserto teve de ser improvisado. Como a equipe do comboio não tinha solda ou mancal reserva e a sede da transportadora fica em Itaquaquecetuba (Grande SP), a saída achada pelo mecânico José Antônio Cavalcanti, que viajava com o grupo, foi recorrer ao comércio próximo. Às 8h ele conseguiu a solda emprestada de funcionários do shopping Iguatemi.

Após reparos o módulo foi levado para a rua Papa Paulo 6º, onde ficou estacionado. O conserto definitivo foi feito ontem à noite, quando o mancal foi trocado.

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