Demanda nos portos de Santos e Paranaguá e frete seguem dentro da normalidade
Passados apenas 15 dias desde que a rodovia BR-163 teve o fluxo normalizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ainda é cedo para dizer qual o real impacto da paralisação de caminhões no Norte para o escoamento da safra no país. No dia 2 de março, o ministro Blairo Maggi comunicou que 11 navios precisaram ser deslocados do Arco Norte para portos do Sul. No entanto, as assessorias tanto do Porto de Santos como de Paranaguá informaram que até o momento não foi registrado aumento na demanda pelo embarque de grãos nesses terminais.
De acordo com a assessoria de imprensa do Porto de Paranaguá, no PR, fevereiro último foi o mês com maior volume histórico de soja embarcado, o que se deve não a um desvio de carga de Miritituba, no Pará, mas ao aumento da produção. No mês, foram exportadas 1,689 milhão de toneladas de soja e farelo, um recorde em relação ao maior volume registrado até então, de 1,518 milhão de toneladas em fevereiro de 2016. De acordo com informações repassadas pelo assessor Pedro Brodbeck, um possível aumento na demanda poderá ser sentido até o final do mês de março. Ainda segundo ele, nos meses com pico de exportação, o porto de Paranaguá já chegou a embarcar 2 milhões de toneladas de grãos.
Em Santos, a assessoria informou que, por enquanto, a lista de previsão de chegada de navios ao porto não registra desvios do Arco Norte. “Observamos que a quantidade de caminhões que frequentaram o Porto de Santos em fevereiro de 2016 e 2017 foi praticamente igual e que o aumento no fluxo de caminhões acontece devido à projeção de embarques da safra de grãos deste ano”, disse a assessora Maria Cecilia Prado. Com o início do funcionamento do Sistema Portolog, que permite o agendamento e controle da chegada de caminhões ao Porto de Santos, a expectativa é de que as operações ocorram dentro da normalidade. Hoje, o Porto de Santos embarca, em média, 60 mil toneladas de soja num período de 30 a 40 horas.
Frete - Até o momento, o preço do frete para o Norte não registra mudanças significativas. De acordo com o Edeon Vaz Ferreira, coordenador executivo do Movimento Pró Logística, a tendência, inclusive, é de redução, uma vez que vai se afastando o pico da colheita.
Dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram como a cotação variou nas últimas semanas, desde o travamento da BR-163, com o frete de Sorriso a Miritituba indo de R$ 210/ton de soja transportada, no dia 23 de fevereiro, para R$ 200/ton no último dia 9 de março, e fechando a R$ 202/ton no dia 16 de março.
Antes de se formarem os atoleiros na rodovia, ainda em 16 de fevereiro, o frete de Sorriso a Miritituba estava cotado a R$ 205/ton, segundo o Imea.
Obras - Para Edeon, o problema na BR-163 foi pontual e de solução relativamente rápida, o que permite que o transporte na rodovia continue a fluir, mesmo que em esquema de 'pare e siga', com interrupções durante as chuvas. Segundo informações do Sindicato Rural de Itaituba, nas proximidades de Miritituba, PA, o movimento de caminhões é bem menor do que na safra passada, por conta das condições da estrada.
Sobre as obras na rodovia, Edeon conta que os primeiros 41 km que tiveram congestionamento, a partir de município de Novo Progresso, PA, agora estão sob responsabilidade do Exército, uma vez que a concessão foi retirada da empresa que havia ganho a licitação.
Os outros 37 km em que houve o travamento, entre as comunidades de Santa Luzia e Caracol, são de responsabilidade do Consórcio CAL, de quem é o compromisso de manter a via transitável.