Caminhoneiros param rodovias e afetam produção

Publicado em
02 de Julho de 2013
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Pelo balanço da Polícia Federal, Minas Gerais foi o Estado mais afetado

Um movimento organizado pela União Brasil Caminhoneiros paralisou ontem estradas em vários Estados brasileiros. De acordo com balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), feito no início da noite de ontem, caminhoneiros interditaram, parcial ou completamente, 22 rodovias federais em seis estados.

Em São Paulo, uma das exigências era a suspensão da cobrança de pedágio integral para caminhões que estiverem com eixos suspensos, que começaria ontem. Três rodovias foram afetadas em parte do dia. A cobrança foi suspensa no Estado de São Paulo no início da noite, segundo informações da Artesp (agência de transporte de SP), que fiscaliza as concessões das rodovias. A cobrança, segundo a agência ainda será implantada e não foi revogada.

No Estado de São Paulo foram paralisadas a via Anchieta e a rodovia Cônego Domênico Rangoni, ambas que dão acesso ao litoral e ao Porto de Santos, e a rodovia Castelo Branco. A interdição foi total para caminhões, mas em algumas o tráfego de automóveis foi liberado.

Pelo balanço da Polícia Federal, Minas Gerais foi o Estado mais afetado, com 12 rodovias interditadas. A BR-381, no município de Betim (MG), foi interditada totalmente, nos dois sentidos. A BR-392, no município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, também sofreu interrupção total do tráfego.

Além de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com duas manifestações no total, caminhoneiros ocupam rodovias na Bahia (três), no Espírito Santo (quatro), em Mato Grosso (uma) e no Pará (uma). Com exceção das rodovias em Betim e Santa Maria, não houve bloqueio total da pista, segundo a Polícia Rodoviária.

A Advocacia-Geral da União (AGU) aguarda informações da PRF sobre manifestações de caminhoneiros para decidir sobre ações judiciais. No domingo, a Justiça Federal no Rio de Janeiro deu liminar à AGU proibindo a paralisação do tráfego nas rodovias federais.

Os caminhoneiros foram organizados pelo Movimento Brasil Caminhoneiro e reivindicam, entre outras medidas, subsídio no preço do óleo diesel, a isenção, para caminhões, do pagamento de pedágios em todas as rodovias do país e a flexibilização da Lei do Descanso para aumentar o tempo dos motoristas à frente do volante. O presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho, disse ao Valor que a paralisação geral convocada pela entidade a partir das 6h de ontem estava programada para durar 72 horas. Segundo ele, a paralisação não teria bloqueio total de estradas, mas no próprio site da entidade, uma lista indicava vários bloqueios totais

A União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), outra entidade que representa os caminhoneiros, disse em nota que a paralisação é liderada por "empresários travestidos de autônomos" - em uma referência ao Movimento Brasil Caminhoneiro - e que prejudica a maior parte da categoria.

A Coopercentral Aurora Alimentos, com sede em Chapecó (SC), vai paralisar ou reduzir as atividades de cinco unidades a partir de amanhã em consequência da greve dos caminhoneiros em várias regiões do país, informou ontem a assessoria de comunicação da central. Por conta disso, pelo menos 2.000 trabalhadores da Aurora serão dispensados do trabalho amanhã.

De acordo com comunicado da Aurora, "os caminhões que levam rações para as propriedades rurais e os caminhões de transporte de aves, de suínos e de leite in natura que buscam a produção pecuária em mais de 5.000 propriedades rurais estão sendo retidos em dezenas de barreiras levantadas pelos grevistas". Dessa forma, as unidades industriais não estão recebendo matéria-prima para processar.

Movimento promete atos em estradas até 5ª
 
Orientação é para que não ocorra interdição de pistas
Folha de S. Paulo - 2/7/2013
 
O líder da paralisação dos caminhoneiros, Nélio Botelho, afirmou que os protestos serão mantidos nas estradas brasileiras até as 6h de quinta-feira, conforme previsto na convocação da categoria.

 

Mas a orientação, de acordo com ele, é para que não ocorra interdição de pistas.

 

Segundo Botelho, que está à frente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), a intenção é fazer um ato "pacífico".

 

Ontem, rodovias foram fechadas pelos caminhoneiros, mesmo após o governo ter obtido na Justiça Federal uma liminar proibindo bloqueios.

 

A decisão judicial prevê que Botelho e o MUBC fiquem sujeitos a multa de R$ 10 mil por hora de via bloqueada.

 

"Tivemos a adesão de 90% dos caminhoneiros", afirmou o líder. Hoje, ele terá reunião na Casa Civil da Presidência para tratar do movimento.

 

LEI DO DESCANSO

 

O protesto, que ganhou força com a onda de manifestações realizadas pelo país, ocorre também em meio a pressões de empresários do agronegócio e do setor de bebidas pela flexibilização da Lei do Descanso, aprovada no ano passado.

 

Parte do setor de transporte, incluindo caminhoneiros, é contra mudanças propostas por comissão da Câmara dos Deputados para reduzir as restrições para que os caminhoneiros cumpram longas jornadas sem descanso.

 

O MUBC, assim como representantes de pequenas empresas de transporte e grandes companhias de cargas, quer mudar a lei para reduzir o horário de descanso dos caminhoneiros.

 

Outra entidade ligada aos autônomos, a Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), é contrária à mudança e criticou a paralisação, acusando Botelho de trabalhar pelos interesses de grandes empresários do setor de agronegócio.

 

A Unicam se alinha a sindicatos dos trabalhadores de transporte (que representam os caminhoneiros empregados) e aos sindicatos de empresas de transporte (que representam grandes companhias do setor), também contrários às mudanças na lei.

 

OPOSTOS

 

"O Nélio representa grandes empresários do agronegócio. Ele mesmo é um empresário e não defende interesses dos trabalhadores", disse José Araújo China, presidente da Unicam.

 

"Não reconheço essa pessoa [China] como representante dos caminhoneiros", rebateu Botelho.

 

O presidente do Setcesp (sindicato das transportadoras), Manoel Sousa Lima Júnior, afirma que a entidade é contra os protestos dos caminhoneiros.

 

"Temos que garantir o abastecimento dos supermercados, padarias, lojas, postos combustíveis."
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