Caminhoneiros esperam até 18 horas para conseguir descarregar no CIR

Publicado em
25 de Novembro de 2013
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O Complexo Intermodal Ferroviário de Rondonópolis (CIR) está com quase dois meses de funcionamento, inaugurado em 19 de setembro deste ano, com a presença da presidente Dilma Roussef. Logo no início dos trabalhos no Complexo, entretanto, alguns problemas já começaram a aparecer, especialmente por conta de falta de infraestrutura adequada para os caminhoneiros que param no local para descarregar.

As principais reclamações foram o tempo médio de descarga no terminal, de 18 horas em setembro, período de testes da ferrovia; o caos nos agendamentos, já que caminhoneiros saem sem as senhas, pressupondo que as pegariam no trajeto; falta de organização no pátio de espera improvisado, pois outro só será concluído em 2014. Para evitar o problema da superlotação no pátio, a ALL solicitou que os caminhoneiros não cheguem adiantados ou sem devido agendamento e que esperem a vez em posto de combustíveis e não no pátio.

No início de outubro, foi realizada uma reunião que contou com a presença de representantes de sindicatos ligados as classes de caminhoneiros autônomos e de empresas, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres, a América Latina Logística (ALL), juntamente com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para garantir um ambiente adequado aos motoristas que aguardam no terminal ferroviário de Rondonópolis.

A Associação dos Transportadores de Carga (ATC) solicitou o cumprimento do tempo de descanso dos motoristas no pátio do terminal. Isso porque a falta de da infraestrutura do CIR - que está sem a pavimentação do pátio, banheiros adequados, hotel, restaurante e um shopping para os usuários - faz com que a categoria não consiga descansar enquanto espera para descarregar.

Por conta especialmente dos banheiros, o MPT recomendou à ALL que os sanitários, dotados de chuveiros, tenham portas de acesso que impeçam o devassamento, ou seja, construídos de modo a manter o resguardo conveniente. Até o momento, a ALL disse apenas que vai dar continuidade às obras para viabilizar mais conforto aos caminhoneiros, mas não há prazo definido.

Segundo a ALL, a infraestrutura já comporta dois restaurantes climatizados, com cardápio definido por nutricionista e com capacidade para mais de 500 pessoas simultaneamente, além de 40 banheiros com chuveiros e sala de descanso climatizada, com televisores e sofás, e mais 32 banheiros e chuveiros para funcionários. Essa infraestrutura deve atender a demanda gerada nesse primeiro momento, quando a safra é apenas do milho. À medida que outras empresas se instalem no Complexo, a infraestrutura também será reforçada pelos terminais..

A ALL afirmou ainda que os pátios para estacionamento dos caminhões estão sendo 100% pavimentados, com a conclusão prevista para final de dezembro. A infraestrutura para familiares com a área de lazer para as crianças, a ampliação do restaurante e duas salas de descanso, uma feminina e outra masculina deve ser entregue no primeiro semestre de 2014.

Atualmente, a capacidade de carregamento no terminal é de 120 vagões a cada 3 horas e meia, o que equivale a cerca de 820 vagões por dia, com operações independentes de carga e descarga e um sistema duplo de carregamento ferroviário, que permite o embarque com o trem em movimento.

Hoje, o terminal de Alto Araguaia movimenta cerca de 12 milhões de toneladas por ano. Destes, cerca de 10 milhões passarão a ser escoados pelo terminal de Rondonópolis. Os outros 2 milhões de toneladas ao ano restantes serão movimentados nos terminais de Alto Araguaia e Itiquira. Para o início de 2014, com a entrada da primeira safra de soja, colhida entre fevereiro e abril, o grão e o farelo serão movimentados no Terminal de Rondonópolis.

A expansão de 260 km de ferrovia de Alto Araguaia até Rondonópolis, além da incorporação do Complexo Intermodal de Rondonópolis e a construção do Terminal da ALL, contou com investimento de R$ 880 milhões, com financiamento do BNDES. A obra é considerada o maior projeto ferroviário desenvolvido e financiado pela iniciativa privada no Brasil, nos últimos 20 anos. O Complexo prevê ainda um investimento de R$ 700 milhões por parte de aproximadamente 20 clientes, dois já instalados, e dos demais que estão previstos para se instalar no local.

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