Caminhões retornam à Bandeirantes

Publicado em
01 de Outubro de 2010
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Bastaram dez dias de teste para que o caminhoneiro Rogério Conrado, 32, desistisse de usar o trecho sul do Rodoanel nos 180 km entre Sumaré (interior de SP) e Cubatão (Baixada Santista).

A nova pista é boa, não há trânsito, mas o bolso pesou. São 19 km a mais por dia "e R$ 1.000 mais caro por mês". Resultado: Conrado voltou para o caminho antigo, pela avenida dos Bandeirantes. Não é um caso isolado.

Parte dos caminhões que haviam deixado a Bandeirantes desde que o trecho sul do Rodoanel foi aberto para o tráfego, em 1º de abril, está de volta à avenida.

A reportagem constatou movimento 18% maior de caminhões na avenida em relação ao período pós-inauguração do Rodoanel. A comparação foi entre as 16h e as 17h, em duas segundas-feiras (5 de abril e anteontem).

Ainda assim, o fluxo na Bandeirantes está distante daquele de quando o trecho sul não existia. Na ocasião, havia em média 30% mais caminhões que hoje. É justamente o trânsito livre um dos atrativos dos caminhões para a Bandeirantes. "Só não ando pela Bandeirantes se ouvir no rádio que o trânsito está ruim", diz Conrado. E no Rodoanel, ressalta, não há retornos. O motorista faz três viagens por semana entre Sumaré e Cubatão e diz que o gasto extra de combustível diminui em R$ 1.000 os R$ 7 mil que fatura por mês. Ele tem mais três caminhões.

Mas essa opção pode acabar em breve. A prefeitura estuda restringir o tráfego de caminhões na Bandeirantes. O retorno dos caminhões, especialmente os pequenos, é percebida pelos boletins diários da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

No dia da abertura do Rodoanel, por exemplo, o congestionamento na Bandeirantes não passou de 1 km, entre as 7h e as 19h.

Em ao menos dois dias da semana passada, as filas superaram os 2 km. Trata-se, porém, de número bem melhor que os quatro quilômetros da segunda-feira anterior à entrega do Rodoanel.

A CET diz não ser possível falar em tendência de aumento na Bandeirantes. A empresa disse não ter dados conclusivos a respeito, pelo fato de o trânsito da cidade ainda passar por "adaptação e redistribuição" após o Rodoanel ter sido inaugurado.

Melhor pelo rodoanel - Embora o custo seja maior, pois o trajeto via Rodoanel é mais longo, grandes transportadoras preferem usá-lo para não passar por SP. Há, ainda, quem escolha a obra pela qualidade da pista. André Stern, gerente na Coopercarga, que opera com uma frota de 1.500 caminhões, diz que sempre tenta convencer os clientes da preferência, mesmo com custo R$ 100 maior por viagem.

"A marginal e a Bandeirantes são caixinhas de surpresas. Elas podem deixar o motorista mais estressado." A viagem pelo Rodoanel, por causa de gargalos que ainda existem nos locais de carga e descarga, não permite que as transportadoras façam mais viagens por dia, o que ajudaria a baratear os custos da operação.

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