Se no mercado de reposição o problema é a espera e o aumento de preço dos pneus, para as montadoras a situação é mais grave, segundo Márcio Costa, presidente da Abrapneus (Associação Brasileira dos Revendedores de Pneus).
"Para a indústria automobilística, há problemas de abastecimento", diz Costa. "As montadoras chegam a entregar os caminhões sem o jogo completo de pneus e as revendas são obrigadas a comprar direto no mercado", diz Luiz Carlos Podzwato, do Setcepar.
A Anip nega problemas desse tipo. "Do ponto de vista de produção, não há nada que sinalize falta de pneus no setor como um todo", informou em nota.
A Volvo, que produz caminhões pesados, diz que "registra muito eventualmente alguma dificuldade com o fornecimento de pneus" e que está entregando os veículos completos.
A Ford informou que, apesar de terem sido verificadas dificuldades pontuais, a situação está normalizada.
Correndo atrás - Para acabar com o descompasso entre oferta e demanda, a indústria investe. A Bridgestone já anunciou o investimento de US$°250 milhões para elevar em 30% a capacidade de produção de suas duas fábricas no Brasil.
A Michelin também pretende ampliar em 30% a capacidade de sua unidade em Campo Grande, no Rio.
Para isso, gastará US$ 100 milhões. Hoje, as duas empresas trabalham no limite de sua capacidade.
"A acomodação [do mercado] naturalmente vai acontecer", diz Ricardo Drygalla, da Bridgestone.
Para Osmar Sanches, da Lafis, a estratégia das fábricas tem respaldo nas previsões para o longo prazo. "A idade média da frota de veículos pesados no Brasil é de 17,4 anos. No Sudeste, é de 19,9 anos. Mesmo com o fim da isenção do IPI, a tendência é que a demanda continue em alta", afirma Sanches.