Burocracia impede aumento do transporte por cabotagem, mostra estudo

Publicado em
22 de Agosto de 2012
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A burocracia para o transporte de carga por cabotagem nos portos do país é semelhante à aplicada nas operações de exportações e importações e mais complexa do que a existente no transporte rodoviário.

A afirmação foi feita pelo diretor do Instituto Ilos, João Guilherme Araújo. De acordo com ele, há demanda crescente pela utilização dessa modalidade de transporte, mas o governo federal precisa resolver alguns entraves.

’O modal [transporte por cabotagem] é subutilizado’, disse Araújo, após apresentar pesquisa do Instituto Ilos sobre o assunto durante o XVIII Fórum Internacional de Logística, no Rio de Janeiro. ’Nós estamos presos a questões de infraestrutura e de burocracia’.

Araújo citou o excesso de documentos necessários como um dos principais entraves burocráticos, assim como falhas na integração da cabotagem com as rodovias, como a necessidade de fornecer as placas dos veículos com antecedência para obter permissão de retirar as cargas nos portos.

Das 100 empresas que participaram do estudo, 68% responderam que planejam aumentar a carga transportada nos próximos dois anos. Desse percentual, o crescimento médio apontado foi de 36%. Já as empresas que preveem reduzir a quantidade de carga transportada por cabotagem somaram 9%, com expectativa média de diminuição em 62%.

Os setores mais interessados em ampliar a participação na cabotagem são higiene, limpeza, cosméticos e farmacêuticos, automotivo e autopeças, químico e petroquímico e alimentos e bebidas. Em contrapartida, dois terços das empresas de tecnologia e computação disseram que planejam reduzir o volume transportado.

O estudo pondera, no entanto, que apenas 9,6% da carga no Brasil é movimentada por cabotagem. O percentual é muito inferior ao registrado na União Europeia (37%) e na China (48%). Araújo vê com bons olhos o pacote de logística anunciado pelo governo na semana passada e afirmou que o mercado está ansioso para saber o que será divulgado no setor de portos.

’O governo entendeu que ele regula e planeja e o setor privado executa’, disse Araújo. No entanto, o diretor do Instituto Ilos destacou que os investimentos em infraestrutura vão demorar ainda de cinco a seis anos para trazerem resultados positivos, enquanto a redução da burocracia traria resultados mais imediatos.

A movimentação por cabotagem cresceu cerca de 4% ao ano nos últimos oito anos, passando de 148 milhões de toneladas transportadas em 2004 para 193 milhões de toneladas em 2011.

Araújo destacou que a rota Manaus-Santos-Manaus é a que tem o maior potencial de crescimento do volume de carga transportada. O porto de Santos, em São Paulo, é visto como o principal ponto de saída de carga por cabotagem, seguido de Paranaguá, no Paraná, e Manaus, no Amazonas. Já para receber carga, os portos de Manaus e Suape, em Pernambuco, são os portos com maior potencial, seguidos por Santos.

Cabotagem pode ser a alternativa para uma indústria mais competitiva

Os caminhos que possam tornar a indústria gaúcha mais competitiva serão apresentadas durante o Seminário Cabotagem: Uma Alternativa Logística, que acontece na próxima quarta-feira (22), das 14h às 18h, no Plenário Mercosul da Fiergs.

A iniciativa do Tecon Rio Grande, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, vai discutir as vantagens da cabotagem, os destinos atendidos, quem são os envolvido no processo e os custos demandados.

A programação tem palestras e apresentação de cases do presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti; do Gerente Nacional de Cabotagem da Aliança Navegação – Hamburg Süd, Jaime Batista; do diretor Comercial da Log-In, Maurício Alvarenga; do diretor da Josapar, Augusto Krause; e da executiva da Móveis Kappesberg, Arlete Schneider. O diretor do Ciergs, Ricardo Portella Nunes, fará a apresentação de abertura.

A cabotagem é o transporte de cargas entre portos marítimos de um mesmo país. Esta se contrapõe à navegação de longo curso. Assim, a cabotagem apresenta-se como uma alternativa para a demanda de transporte de carga terrestre, com diminuição de custos e vantagens para o meio ambiente.

Sobre o Tecon Rio Grande

O Tecon Rio Grande, da Empresa Wilson, Sons de Comércio - que administra o terminal de contêineres do Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul - está celebrando 15 anos em 2012. Durante o período, foram investidos no terminal US$ 200 milhões para a modernização da área, fazendo com que o Estado se destacasse por ter um dos mais importantes terminais de contêineres do País e uma das instalações mais competitivas na América do Sul. Com mais de 3 mil importadores e exportadores cadastrados, no Tecon Rio Grande são recebidas as principais linhas que escalam o Brasil, oferecendo serviços semanais para todos os trades do mundo, através dos 30 armadores clientes do Terminal.

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