Buffett dobra aposta em energias renováveis, principalmente a eólica

Publicado em
27 de Outubro de 2014
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O megainvestidor Warren Buffett costuma dizer que ter uma empresa de energia não é uma forma de enriquecer, mas de permanecer rico. Bloomberg News

O megainvestidor Warren Buffett é sempre associado à sua cidade natal Omaha, no Estado americano de Nebraska, mas o futuro de seu império aponta para o leste... para Iowa.

No Estado vizinho, o presidente do conselho de administração da Berkshire HathawayInc. investiu bilhões em projetos de energia eólica, parte de uma grande aposta em energias renováveis de uma empresa que ele comprou em 2000 e transformou em uma das maiores fornecedoras de energia do país.

Por meio de uma subsidiária da qual detém o controle, a Berkshire Hathaway Energy, Buffett planeja dobrar os US$ 15 bilhões que já investiu em projetos de energias renováveis até o início deste ano e está em busca de mais empresas de energia para comprar.

Charles T. Munger, sócio de longa data de Buffett e vice-presidente do conselho da Berkshire, estimou em setembro que a subsidiária seria “a maior empresa de serviços públicos dos Estados Unidos” em poucos anos.

A unidade de energia é essencial para o futuro da Berkshire — ela gera mais de 7% do lucro do conglomerado e esse percentual deve crescer — enquanto também fornece uma forma de Buffett investir o caixa cada vez mais gordo da companhia.

“Charlie e eu por décadas dissemos que as melhores empresas não precisam de capital e esse ainda é o caso”, disse Buffett em entrevista ao The Wall Street Journal. “Mas atingimos um ponto na vida da Berkshire onde também ficamos satisfeitos com empresas que exigem capital, desde que forneçam uma taxa decente de retorno.”

A Berkshire Hathaway Inc. tinha US$ 55,5 bilhões em caixa até 30 de junho.

Outra razão que está levando os observadores de Buffett a prestar atenção na Berkshire Hathaway Energy: ela é dirigida por Greg Abel, um canadense de 52 anos que está entre os executivos considerados por analistas um possível sucessor do bilionário de 84 anos na presidência do conselho.

 

Para Buffett, que entrou no setor de energia em 2000 com a compra pela Berkshire da então chamada MidAmerican Energy Holdings Co., por US$ 2 bilhões, a aposta é direta: as pessoas sempre precisarão de energia, nas crises ou nos booms econômicos. E como ele gosta de dizer, ter uma empresa de energia não é uma forma de enriquecer, mas de permanecer rico.

A Berkshire Hathaway Energy — nome que a MidAmerican Energy Holdings passou a ter em abril — fornece eletricidade para mais de oito milhões de clientes globalmente. Esse total deve subir para 11 milhões se a Berkshire fechar a aquisição de US$ 3 bilhões de uma transmissora canadense de energia no fim deste ano, conforme planejado.

Além dos projetos de energias renováveis, a Berkshire investiu cerca de US$ 15 bilhões em aquisições que diversificaram as fontes de receita da empresa de energia. No ano passado, ela comprou a maior geradora de eletricidade de Nevada, a NV Energy, por US$ 5,6 bilhões. Buffett disse em sua carta aos acionistas que essa “não será a última grande aquisição em energia”. Logo depois, a Berkshire anunciou planos de comprar a AltaLink Holdings LP, com sede em Alberta.

Buffett elogiou Abel por conduzir a subsidiária através de múltiplas aquisições e por seu grande compromisso com a energia renovável. “É uma história impressionante”, disse Buffett.

Embora muitos analistas considerem as empresas de eletricidade um investimento arriscado à medida que as fontes tradicionais de energia perdem espaço e os modelos de distribuição mudam, eles argumentam que o foco inicial da Berkshire em renováveis ajudará a direcionar melhor a transição.

“Eletricidade é fundamental, mas os meios de produzi-la mudarão gradualmente com o tempo”, disse Buffett.

Buffett e Abel não fazem segredo do fato que seus investimentos em energia renovável foram guiados em grande parte por subsídios fiscais que o governo dos EUA oferece há muito tempo para compensar os custos de construir usinas eólicas e solares.

Com o fim dos subsídios fiscais para energia eólica e os de energia solar expirando em 2016, Abel, que supervisionou a compra de uma das maiores usinas de energia solar do mundo na Califórnia pela Berkshire, disse que estava esperando um “impacto significativo” no aspecto financeiro de se investir em energia renovável.

Mas ele disse que “2016 para nós ainda está muito distante”. Abel disse esperar que o custo de implantação de tecnologias alternativas caia com o tempo, mas que a Berkshire Hathaway Energy vai “encorajar o governo federal” a continuar avaliando o impacto de tais políticas.

As empresas precisam de investimentos pesados para manter e atualizar suas redes de energia. As empresas reguladas, como as que a Berkshire possui, têm permissão para operar monopólios mantendo os preços baixos em troca. Muitos dos clientes da Berkshire pagam preços menores que a média nacional.

Isso não permite muito espaço para manobra. Mesmo assim, a Berkshire obteve retornos de pelo menos 12% sobre o capital investido, segundo analistas. Isso se deve em parte ao fato de a Berkshire Hathaway Energy não pagar dividendos aos acionistas, incluindo a Berkshire Hathaway, que tem uma fatia de 89,8% (Abel e o membro do conselho Walter Scott e sua família têm restante). Em vez disso, ela investe o lucro na empresa, o que é encorajado pelos reguladores.

Em uma nota, no ano passado, Andrew Bischof, analista da Morningstar Inc., disse que a Berkshire Hathaway Energy é uma das empresas de energia “com o melhor desempenho dos últimos cinco anos” em retorno de capital. Ele avalia a empresa em cerca de US$ 31 bilhões.

Abel, executivo que dedicou toda a carreira ao setor de eletricidade e dá poucas entrevistas, comanda a empresa de energia da Berkshire desde 2008. Ele construiu uma reputação de ser um negociador astuto, com um jeito de ser descontraído e informal, parecido ao de outros executivos sêniores da Berkshire.

Desde 2004, a Berkshire investiu US$ 5,8 bilhões em projetos eólicos no Iowa, disse Abel. A empresa de Iowa, ainda chamada de MidAmerican sob o guarda-chuva da Berkshire Hathaway Energy, construiu uma capacidade geradora de 3.300 megawatts, ou 64% da capacidade de geração eólica do Estado, comparado com os cerca de 100 megawatts que tinha em 2000.

As carteiras de motorista de Iowa agora exibem imagens de turbinas eólicas”, disse Abel. “Estamos orgulhosos.”

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