A adoção de tecnologia de ponta para gestão de frotas no Brasil não para de crescer, mas ainda estamos muito atrás dos EUA. Com apenas 8% do mercado utilizando sistemas de gestão de frota, contra os 40% de penetração nos EUA, é fácil entender a origem do maior custo operacional aqui.
Por conta dessa crescente, a influência da tecnologia no setor logístico e com 2017 chegando ao fim, é o momento de refletirmos sobre o que esperar para os próximos anos, tendo em vista o amplo mercado que temos para explorar e, principalmente, nos atualizar e modernizar.
Se compararmos o cenário logístico brasileiro com o dos EUA veremos que o mercado "lá fora" é muito mais competitivo e, por isso, mais frotas usam sistemas de gestão. Pesquisas como a do portal de estatísticas alemão, Startisa, reafirmam esse cenário ao mostrar que o mercado norte-americano possui mais de 140 milhões de carros comerciais, sendo que 40% são rastreados e monitorados. Aqui no Brasil temos uma frota de aproximadamente sete milhões de veículos e esse ganho de eficiência está começando agora.
A Cobli, startup especializada em gestão de frotas, telemetria e roteirização, aponta que os EUA são referência mundial no gerenciamento de frotas. Isso se deve, principalmente, pelo fato do país ter um índice de vendas de automóveis dez vezes maior que o Brasil. Com um mercado gigante e tecnologicamente mais avançado, a gestão de frotas em solo americano é encarada pelas empresas como uma área estratégica, zelando pela qualidade da informação. Lá, o gestor se preocupa com a produtividade, o que significa entender quais são os custos e como otimizá-los da melhor maneira possível.
Por outro lado, em território brasileiro o foco é mais em rastreamento do que na gestão em si. As empresas consideram tecnologias e soluções como custos e não investimentos, o que impacta consideravelmente no desenvolvimento do mercado. Por isso, vemos o grande consumo de dispositivos menos avançados e de baixo custo, gerando resultados pouco efetivos. Além disso, um grande desafio: a falta de um sistema adequado dificulta ainda mais o trabalho dos profissionais da área.
Diante desse cenário, podemos traçar algumas tendências para as quais o setor brasileiro deve se atentar, se quiser avançar a passos largos:
- Política de gestão de frotas: Medir, encontrar as oportunidades e atuar. O gestor de frota precisa de informações precisas para focar seu trabalho e mirar nos maiores ganhos;
- Profissionalização de equipe e área logística: desenvolvimento de cursos, certificações e competências. É primordial que os profissionais estejam alinhados com a aplicação de novas tecnologias e processos de gestão mais eficientes;
- Avanços tecnológicos: As empresas que vencerão são aquelas que abraçarem tecnologias de ponta mais rápido e capturarem primeiro os ganhos dessas novas tecnologias. Inteligência Artificial, manutenção preditiva e roteirização dinâmica serão os diferenciais das empresas;
- Mobilidade urbana mais inteligente: conscientização dos problemas de mobilidade e bem-estar social, dessa forma aumentará a preocupação com a redução da poluição, bem como do trânsito. Além disso, haverá muito mais incentivo em ações colaborativas, visando o bem-estar da sociedade como um todo.
Esses são alguns dos pontos que descrevem frotas que estão aproveitando bem os avanços e sendo mais produtivas, pois a partir do momento em que o gestor detecta possíveis falhas e controla os custos, ele tem subsídio para aumentar a produtividade da empresa e fazer com que o nível do serviço seja aperfeiçoado.
Ao verem os seus concorrentes saindo na frente, muitas empresas decidiram adotar novas tecnologias e por isso já estão capturando ganhos em processos que eram arcaicos e que permaneceram iguais por décadas. Os setores já estão começando a se movimentar e é muito gratificante ver o impacto que estamos gerando na competitividade do Brasil e suas empresas.
*Rodrigo Mourad é sócio fundador da Cobli, startup especializada em gestão de frotas, telemetria e roteirização.