Brasil Terminal Portuário projeta aumento de quase 60% na movimentação de contêineres

Publicado em
19 de Novembro de 2014
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Crescendo desde a inauguração, em 2013, a Brasil Terminal Portuário (BTP) se prepara para um 2015 de arrancada na movimentação de contêineres no porto de Santos. Empresa projeta cerca de 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) em 2015, atingindo a capacidade anual de movimentação prevista para esta fase do negócio. A empresa apostará em ganhos de eficiência e treinamento de pessoal para atingir esse desempenho. Se confirmado, o número representará um aumento de 57% sobre os 763 mil Teus previstos para este ano.

A arrancada da BTP começou no terceiro trimestre, após aumento da profundidade do canal de navegação do porto no trecho onde está instalada. O novo calado máximo dos navios para 12,6 metros (ante os 11,2 metros de 2013) se deu com conclusão da dragagem, bancada pela empresa e pelo terminal Ecoporto. Ambos doaram a obra ao governo, que enfrentava dificuldades para finalizar a obra. O atraso adiou a migração para a BTP de serviços de navegação já negociados, comprometendo o ritmo de expansão da empresa. Se tivesse sido concluída no início de 2014, como prometido, a BTP fecharia este ano com 840 mil Teus.

Em setembro, já recebendo navios maiores, a BTP assumiu a liderança na movimentação de contêineres em Santos. Era há mais de dez anos do Tecon Santos, da Santos Brasil. "Não estamos em uma corrida de Fórmula 1", contemporiza Antonio Passaro, principal executivo da BTP, em entrevista ao Valor. A expectativa agora é quanto à homologação do novo calado para 13,2 metros, que deve ocorrer nesta semana, permitindo negociar com navios ainda maiores.

No cargo desde setembro, Passaro, uruguaio com cidadania holandesa, gerenciou terminais na Europa, América do Sul, Ásia e África. Assume a BTP após o "ramp up" (ganho de velocidade da operação) para elevar os índices de produtividade. Com a entrada dos novatos BTP e Embraport, também em 2013, Santos conta hoje com seis terminais de contêineres.

Passaro avalia que, apesar da sobreoferta de capacidade neste momento, existe mercado para todos. "Infelizmente, a situação econômica do Brasil e do mundo não permitem estimar um crescimento alto no comércio exterior".

A BTP é um arrendamento para movimentação de contêineres e líquidos das operadoras europeias APM Terminals e Terminal Investment Limited (TIL) que receberá investimento total de R$ 2 bilhões - a superestrutura para líquidos ainda será desenvolvida.

A APM Terminals pertence ao grupo Maersk, controlador também da Maersk Line, o maior armador do mundo. E a TIL é ligada à MSC, vice-líder na armação de contêineres. Passaro garante que isso não traz vantagem comercial ou operacional aos seus dois grandes clientes da BTP - Maersk Line e a MSC. "Somos um terminal multicliente. A APM Terminals e a TIL são empresas totalmente independentes, temos de negociar duro com eles". O terminal opera sete serviços de navegação.

Apesar de os contêineres cheios de longo curso serem os mais rentáveis, o executivo diz não preterir as cargas de transbordo e de cabotagem. "Por definição, sou um ’crane mover’, um ’mexedor de guindastes’", explica. "A definição de um holandês é que ele é um escocês que perdeu o sentido de generosidade", comenta, dando o tom do afinco com que a BTP perseguirá qualquer tipo de contêiner.

Em 2015, serão investidos US$ 30 milhões em novos equipamentos. Serão comprados dois portêineres (que transfere o contêiner do cais para o navio), elevando o total para dez; e dez RTGs (que manuseiam as pilhas no pátio), aumentando para 36 a frota atual, entre outros. A meta é sair da média de 30 movimentos por hora por guindaste na operação de embarque e desembarque para 32 movimentos por hora, reduzindo, assim, o tempo de permanência do navio no cais. Além disso, a BTP busca reduzir a estadia do contêiner no terminal. Hoje, são cerca de 12 dias. A ideia é cortar pela metade esse tempo em até quatro anos.

Com esses ganhos de eficiência, no longo prazo o objetivo é expandir a capacidade de movimentação para 2,5 milhões de Teus, entre 2020 e 2021. Não prevê, a princípio, aumento de área física, que é de 490 mil m2.

A BTP construirá uma unidade de geração de energia elétrica a partir de gás em seu terminal para alimentar os equipamentos. A energia oriunda da fonte mais limpa abastecerá, por exemplo, os portêineres e os RTGs. A motivação é ter autonomia de fornecimento de energia elétrica, contribuindo para uma operação mais sustentável, afirma Passaro.

O investimento inicial no projeto será de R$ 10 milhões. A estimativa é que a construção da unidade de geração seja feita em 2015 e a operação comece em 2016. "Estamos conversando com dois ou três fornecedores", disse o executivo. Além dos equipamentos, a área administrativa também poderá ser abastecida com energia gerada pelo gás.

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