Crescimento do PIB deve ser modesto, na ordem de 1,6%, mas lastreado por bases mais estáveis e livre de pressão inflacionária
Se o cenário se confirmar, o crescimento do Brasil em 2024 terá uma “cara diferente”, antecipa Thaís Zara, mestre em Teoria Econômica e economista sênior da LCA Consultores. O diagnóstico foi dado na quarta-feira (13), durante palestra da LCA Consultores na sede do Sistema Transporte, em Brasília.
Segundo a especialista, entre os componentes do PIB, um diferencial será a contribuição do agronegócio, que tende a ser menos pronunciada daqui para a frente. “Em 2023, começamos com um crescimento mais forte, por conta da agricultura, e tivemos um segundo semestre mais estável. Já em 2024, a expectativa é que a economia vá acelerando. Em parte, isso ocorrerá porque a taxa de juros mais baixa começará a surtir efeito na economia”, descreve.
“Provavelmente, haverá estabilidade ou uma pequena queda da safra, de modo que o país não contará com o mesmo impulso de crescimento. Mesmo assim, quando olhamos o PIB na margem, comparando o trimestre com o trimestre anterior, há tendência a aceleração (do crescimento) porque outros setores, como construção civil e indústria, deverão começar a ter um desempenho melhor ao longo do ano, refletindo a melhora das condições de crédito e dos indicadores financeiros”, continua.
O crescimento projetado para 2024 não será vigoroso, na ordem de 1,6%, mas tem a seu favor outros fatores benignos, como a desaceleração da inflação e os dados relativos a emprego, que vão bem. As reformas que o país vem encaminhando, com destaque para a tributária, também contribuem para um horizonte otimista. “A mera aprovação da reforma e a expectativa de que um sistema mais simples, não cumulativo e que demande menos horas para o cumprimento de obrigações fiscais já traz uma perspectiva positiva”, acredita.
Sobre o cenário exterior, Thaís Zara prevê um período de acomodação, dentro do esperado. “Vamos passar por
uma desaceleração do crescimento global em 2024.
Será um ‘pouso suave’, de modo a permitir que a inflação recue nos países desenvolvidos. Se não houvesse esse pouso, a alternativa seria uma recessão. Então, apesar de ser uma desaceleração, é uma notícia positiva. De qualquer forma, o mundo vai crescer menos e, para o Brasil, (isso significa que) o impulso vindo de fora será mais baixo”, confirma.
Em sua fala, a economista comentou diversos outros assuntos. Sobre o câmbio, a expectativa é de oscilação em torno do patamar atual, próximo a R$ 5,00/US$. Eventos climáticos podem afetar o país (El Niño é um deles), mas sem comprometer reservatórios de energia elétrica, por exemplo. Segundo ela, o país continuará simpático ao diesel da Rússia, por ser uma alternativa de importação mais em conta. E, finalmente, sobre a China, a projeção é de crescimento reduzido, já que o país asiático precisa absorver a bolha imobiliária formada nos últimos anos.