Brasil só supera a crise se investir em infraestrutura

Publicado em
13 de Julho de 2012
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O governo brasileiro, depois que vários organismos já o fizeram, vai anunciar a redução do índice previsto para o Produto Interno Bruto. A otimista estimativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que era de 4,5% no início do ano, deverá cair para 2,7%, mesmo assim maior do que o previsto pelo Banco Central, que é de 2,5%, e do mercado financeiro, de apenas 2%.

Além dos efeitos objetivos desta mudança dos parâmetros econômicos e a vida de empresas e pessoas, ela tem um significado importante que envolve o futuro do País. Parece-nos que o modelo adotado pelo governo para enfrentar e tentar superar a crise econômico-financeira que atingiu o mundo e se reflete de forma nos países emergentes, como é o caso do Brasil, esgotou-se.

O que funcionou na crise de 2008 deveu-se ao momento, com a economia brasileira em outro patamar e a própria vida política vivendo uma aura de esperança no futuro.

O humor era outro. As medidas tomadas para estimular o consumo e, assim, aumentar a produção, não surtem mais efeito no varejo nem se refletem em pedidos às indústrias.

Ao mesmo tempo, apesar da alta do dólar, que encareceu importações, produtos estrangeiros mais competitivos continuam a pressionar a produção nacional. O endividamento das famílias brasileiras – acredita-se que 10% delas não conseguirão saldar seus débitos sem recorrer a ações judiciais – decretou o fim da expansão do consumo. Portanto, medidas pontuais, como as que vem sendo adotadas, perderam a validade.

Mesmo que o Banco Central, seguindo a orientação oficial, diminua ainda mais a taxa Selic, o objetivo de impulsionar as vendas é freado pelo fato de os consumidores estarem endividados.

A Selic está em seu patamar mais baixo: 8,5%. Economistas esperam que ela vá cair a 7%. Mas não será apenas essa providência que vai reativar a economia. Infelizmente, o pessimismo prepondera entre os analistas.

O rumo mais claro de uma solução, pensando a médio e longo prazo, é o governo aumentar os investimentos em infraestrutura, criando empregos, gerando encomendas e fazendo a economia evoluir sem trancos. O aumento dos gastos públicos em compras ajuda, mas não é suficiente.

Ressalvando a distância e as diferenças, o Brasil está parecido com a China. O premier chinês, Wen Jiabao, disse na Feira de Hannover, na Alemanha, que “a China é confrontada principalmente com desafios e problemas na industrialização, incluindo um modelo ineficiente de desenvolvimento industrial, falta de competitividade no mercado, fraca capacidade científica e tecnológica para inovação e baixa eficiência no uso dos recursos.”

O Brasil precisa se construir pela inovação, pela mudança do modelo de crescimento e de ajuste da estrutura econômica, buscando uma sociedade baseada na educação, na informação, na indústria e no comércio, com investimentos em coisas permanentes e necessárias, como energia.

E não somos nós que afirmamos isso. O conceito geral, entre os economistas, é que o País somente superará a tual crise com investimento. Esta é a palavra.


Por Jornal do Comércio - RS - Editorial

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