Baixo crescimento da economia não deve afetar interesse de fundos de investimento em empresas brasileiras em 2015

Publicado em
03 de Dezembro de 2014
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Executivo de negócios lembra, no entanto, que os investimentos estão mais elásticos e os fundamentos para empresas receberem aportes, mais difíceis

Baseado em sua experiência na intermediação de negócios entre empresas de médio porte e fundos de investimentos, o empresário Rodrigo Bertozzi está otimista quanto à manutenção e até mesmo ao crescimento do interesse de investidores nacionais e estrangeiros em médias e grandes empresas brasileiras.

Relatórios da B2L Investimentos S.A., empresa da qual Bertozzi é fundador e CEO, mostram a evolução nos negócios comandados por seus 47 sócios junto a empresas e investidores em todo o Brasil. O destaque fica para os estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Piauí.

“Lembro que no passado, 20 anos atrás, antes da estabilidade trazida pelo Plano Real, o capital era volátil; entrava e saía sem expectativas de ficar. Hoje, apesar da crise de confiança na economia, os fundos pensam em ficar em média sete anos para ter o payback em retorno de três vezes ou mais do investimento. Neste momento, a avaliação do mercado de capitais é positiva e eu também aposto que teremos mais fundos soberanos (recursos de países) vindo para o Brasil em 2015 e 2016”, sinaliza Bertozzi.

Os setores que vêm se tornando mais promissores para atuação dos fundos, nos negócios conduzidos pela B2L, são os da construção (especialmente loteamentos para classes de menor poder aquisitivo e também para a faixa de renda A e AA); logística; varejo farmacêutico; varejo de eletrodomésticos e refeições coletivas. Atualmente, a B2L tem em carteira, negócios que somam R$ 2.273.491.316,49.

“Nossas previsões apontam para investimentos e negócios em áreas como portos particulares para apoiar o escoamento da produção da indústria e também da safra e safrinha agrícola de 2015. A logística permanece sendo o grande desafio e com ótimas oportunidades. O setor educacional segue em consolidação, comandado pela Kroyon Anhanguera e grupos regionais buscando sócios investidores para expandir e defender o mercado regional”, informa o CEO da B2L.

Levantamento do Centro de Estudos de Private Equity e Venture Capital da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (SP) reforça a expectativa positiva de Rodrigo Bertozzi, um empresário do Paraná. De acordo com a pesquisa, os fundos de private equity (fundos que compram ações de grandes empresas) e de venture capital (que investem em empresas iniciantes) injetaram cerca de US$ 7,6 bilhões no país ao ano, entre 2010 e 2013. Este valor investido é o dobro do volume aportado no Brasil nos três anos anteriores ao período analisado. Além disso, os autores da pesquisa projetam um aumento de 15% a 20% ao ano do capital comprometido da indústria de private equity e venture capital no país. Para o professor da FGV Cláudio Furtado, o desempenho dessa modalidade de investimento se descolou dos dados econômicos e deve permanecer dessa forma. “Nosso estudo aponta que a indústria de private equity está em plenas condições de ajudar o Brasil a voltar a crescer”.

O empresário Rodrigo Bertozzi também destaca que a Operação Lava Jato deve mexer com o quadro de investimentos na área de infraestrutura.

“Na infraestrutura, onde a Operação Lava Jato entrou de frente nas gigantes do setor, podemos pensar em dois vetores: ou as grandes obras e investimentos permanecem com as grandes empresas ou haverá espaço para que novas empresas surjam nessa brecha de oportunidades. À princípio temos analisado e pesquisado as empresas terceirizadas que podem ter bons ativos e, por conta da crise, vão necessitar se reinventar. O mesmo vale para a cadeia de gás e óleo; ou seja, ter participação de fundos é bom para adquirir controles acionários e dar fôlego a estes negócios”.

Mas a crise de confiança na economia brasileira já causa transtornos. Os ciclos de negociação dos fundos private equity, que investem em participações de companhias no Brasil, estão mais longos, com o nível de detalhamento cada vez mais profundo e análises mais demoradas. No primeiro semestre de 2014, por exemplo, fundos de private equity e venture capital fecharam 74 operações de aquisição de empresas no Brasil, enquanto que nos seis primeiros meses de 2013 foram concluídas 115 transações, de acordo com dados da consultoria TTR.

“Particularmente não gosto da ideia de somente olharmos o Brasil como um todo, mas sim de vermos o reforço em investimentos em cidades menores, a maioria no interior – também uma novidade recente (de 15 anos para cá) –onde se aposta em uma região/município que terá um alto crescimento, como aconteceu em Vitória (ES), Paraupepas (PA), Jaraguá do Sul (SC), Rondonópolis (MT), Imperatriz (MA)e agora na fronteira agrícola de MAPITOBA (Maranhão/Piauí/Tocantins/Bahia), só para citar algumas”, analisa Bertozzi.

O empresário destaca que os fundos de investimento ainda têm muito a prospectar no Brasil e é aí que entra o trabalho da B2L.

“Os investimentos estão mais elásticos e os fundamentos para receber os aportes mais difíceis, mas a sinalização do mercado de capital é positiva para 2015. Também estou otimista. O crescimento do interior vem avançando em vários municípios, o que torna as empresas locais/regionais – com perfil quase sempre familiar – visíveis e alvo de produtos financeiros a que antes não tinham acesso. Elas entram no radar dos fundos de investimentos. Por isso, a importância da atuação dos sócios da B2L nesse processo. Nossa busca incansável pelo Brasil é provar que o médio empresário de qualquer região pode expandir seu negócio em parceria com investidores, sem endividamento de curto prazo, e ambicionar tornar-se um grande consolidador do mercado no qual atua”, conclui Bertozzi.

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