Aumento das tarifas de escolta da PRF vai pesar sobre custos do setor eólico

Publicado em
07 de Agosto de 2015
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As usinas do segmento, que são obrigadas a transportar pás e geradores com ajuda de batedores, estão preocupadas com a alta.

As usinas do segmento, que são obrigadas a transportar pás e geradores com ajuda de batedores, estão preocupadas com a alta. Representantes se reuniram ontem para buscar uma alternativa.

 
As geradoras de energia eólica estão preocupadas com um aumento dos preços dos serviços de escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A elevação das tarifas em até 950% afeta diretamente os custos do setor, que contrata batedores devido ao tamanho das pás.
 
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) se reuniu ontem com seus associados para debater o assunto e discutir possíveis saídas. Segundo o diretor técnico da entidade, Sandro Yamamoto, o próximo passo será a organização de um estudo que deverá ser entregue ao Ministério da Justiça para pedir a revisão do aumento.
 
A portaria 1.070, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, promoveu uma elevação das tarifas cobradas pelos batedores da polícia federal para R$ 16,07 por cada quilômetro rodado por unidade rodando a 30 quilômetros por hora. Em 1996, quando foi publicado o reajuste anterior, o preço não passava de R$ 1,53/km.
 
De acordo com Yamamoto, em uma viagem de 1,9 mil quilômetros, na qual 900 km necessitem do serviço de escolta, os gastos com esse serviço passariam de R$ 1.377 na taxa anterior para R$ 14,4 mil com a nova tarifa. "Esses valores são muito expressivos, poderiam até travar o transporte de equipamentos, e ter um impacto sobre a programação dos novos parques eólicos". O aumento poderia ainda levar a uma revisão dos preços de contratação de energia, afirmou o executivo.
 
O volume de recursos necessários à instalação de uma usina eólica sempre foi uma preocupação das empresas, lembra Yamamoto. Dessa forma, qualquer aumento nos custos poderia limitar o acesso aos projetos de geração eólica.
 
O próprio leilão de geração A-3, que já havia sido criticado por oferecer um retorno baixo às eólicas, pode ficar ainda mais prejudicado com a medida. Marcado para agosto, o certame recolheu o cadastro de 513 usinas que usam o vento como fonte, para as quais definiu uma receita máxima de R$ 184 por megawatt-hora.
 
Os custos de transporte dos geradores e das pás eólicas podem recair sobre as geradoras de energia ou sobre as fabricantes dos equipamentos, a depender de quem ficou responsável pela logística no contrato de aquisição. Dessa forma, o peso sobre a indústria é duplamente danoso.
 
"O aumento dessas taxas compromete a competitividade da indústria, pois o transporte fica significativamente mais caro", comentou uma fonte de uma fabricante de equipamentos para o setor.
 
Os investimentos necessários para manutenção dos parques eólicos já pesam sobre os custos das empresas do segmento. O custo médio do megawatt instalado, que no ano passado somou R$ 5,3 milhões, chegou a R$ 6 milhões em 2015, impactado, sobretudo, pela alta do dólar.
 
A Renova Energia, que divulgou ontem seus resultados financeiros do segundo trimestre, registrou um aumento de 164% nos custos chamados gerenciáveis, que se referem às atividades de operação e manutenção de suas pequenas centrais hidrelétricas e de seus parques eólicos operacionais.
 
A expansão, de acordo com a companhia, se deu principalmente em razão dos gastos mais elevados com serviços de terceiros para manutenção dos parques e pelos valores pagos por materiais de uso e consumo em função da compra de material de manutenção e peças sobressalentes.
 
A Renova registrou um prejuízo líquido de R$ 27,3 milhões entre abril e junho de 2015, ante um resultado negativo de R$ 3,3 milhões nos mesmos meses do ano passado. A receita da companhia, no entanto, cresceu quase 110% e chegou a R$ 119,5 milhões. A variação da receita, de acordo com a empresa, é decorrente dos maiores ganhos com as eólicas, com o início da operação de diversos parques.
 
Capacidade
 
A geração eólica responde por 4,9% de toda a energia produzida no País, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O setor possui hoje 9,73 gigawatts de capacidade instalada, valor que deve chegar a 17,7 GW até 2019, de acordo com a Abeeólica. O Plano Decenal de Energia prevê que a participação das fontes renováveis na matriz poderá representar 83,8% em 2023.
Thiago Moreno

 

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