Atoleiros na BR-163 provocam R$ 500 mi em prejuízos para transportadores e exportadores

Publicado em
06 de Março de 2017
compartilhe em:

Em 15 dias em que os cinco mil caminhões carregados com soja e outros produtos ficaram parados na BR-163 no Pará provocaram prejuízos na ordem de R$ 500 milhões, aproximadamente, para transportadores e exportadores. A estimativa é que 90% da carga “atolada” seja proveniente de Mato Grosso. Mediante a situação, o Governo Federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), se comprometeu que irá pavimentar os 60 quilômetros considerados críticos ainda em 2017.
 
Somente o setor do transporte de cargas prevê que as perdas cheguem a uma cifra de R$ 150 milhões para o segmento, enquanto os exportadores e indústrias na ordem de R$ 350 milhões para a sua categoria.

Leia mais:
- Soja de Mato Grosso começa a brotar em atoleiros na BR-163 no Pará; DNIT promete asfaltar trecho crítico em 2017
 
- Mato Grosso perde R$ 2 bi ao ano com BR-163 inacabada, diz Marcelo Duarte

O número de caminhões parados, segundo o diretor da Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso (ATC-MT), Miguel Mendes, em entrevista ao Agro Olhar, chegou a 5 mil veículos. Ele pontua que a estimativa é de R$ 2 mil/dia por cada caminhão parado, o que resulta um total de R$ 150 milhões em 15 dias.
 
Os atoleiros foram registrados entre as comunidades de Santa Luzia e Bela Vista do Caracol no estado do Pará.  “Com a situação na qual a BR-163 se encontra o gasto do transportador dobra com pneus, combustível, tempo parado, entre outros. Estamos em pleno momento de pico de colheita e escoamento da soja”, comenta Miguel Mendes.
 
De acordo com o diretor da ATC, o setor do transporte de cargas de Mato Grosso está direto em conversa com o governo federal, em especial o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
 
Se no setor do transporte os prejuízos foram grandes, para os exportadores não foi diferente. Conforme o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, o setor exportador de soja do Brasil teve uma perda de R$ 350 milhões em decorrências aos atoleiros na BR-163 no Pará e congestionamentos, que chegaram, como o Agro Olhar comentou, a cerca de 50 quilômetros.
 
A Abiove comenta que diante os congestionamentos formados na BR-163, os exportadores tiveram de renegociar contratos e até mesmo desviar cargas para os portos das regiões Sudeste e Sul, como porto de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Outra consequência provocada pelos atoleiros foi o pagamento de multas por atrasos nos navios que aguardam os produtos nos portos do Norte.
 
Produtores cobram ações concretas e emergenciais
 
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e o Movimento Pró-Logística cobram do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) ações concretas e emergenciais que sanem os danos provocados pelos atoleiros e congestionamentos na BR-163 no Pará.
 
Conforme a Aprosoja, em torno de 30% da soja e milho colhidos em Mato Grosso já saem do Estado pelos portos da região Norte do país. O escoamento via Arco Norte é considerado hoje uma opção logística mais barata ante o envio de caminhões carregados para o Sul e Sudeste.
 
“É preciso empenho do Dnit, do Ministério dos Transportes e das empresas para que a situação se resolva de uma vez por todas. Não podemos admitir que isto ocorra novamente na próxima safra. A situação precisa ser corrigida rapidamente”, afirma o presidente da Aprosoja, Endrigo Dalcin.
 
No último dia 02 de março, representantes do setor produtivo reuniu-se com o Ministério dos Transportes e o DNIT, além do Ministério da Agricultura, para traçar ações urgentes para sanar os problemas no trecho. Na ocasião o Diretor Geral do DNIT, Valter Cassimiro, informou que “o trecho da BR-163 onde há pontos críticos devido à combinação de chuvas com tráfego intenso será pavimentado neste ano”. Ainda de acordo com Cassimiro, a meta do DNIT é asfaltar 60 quilômetros da BR-163 no Pará dos 100 quilômetros que restam em 2017. Os demais 40 quilômetros ficariam para 2018.
 
Conforme os Ministérios do Transporte e Agricultura, até a conclusão das obras, medidas emergenciais serão adotadas. Entre as medidas está o controle e tráfego com o “pare” e “siga”, trabalho de drenagem para escoar água da estrada, dando passagem aos veículos da via, especialmente de caminhões com cargas mais pesadas.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.